Como o emprego irá se comportar em 2025
Para José Pastore, inflação e alta de juros devem reduzir o número de contratações no próximo ano
O ano de 2024 foi excelente para o emprego. Foram gerados cerca de 2 milhões de postos de trabalho formais – com registro em carteira de trabalho.
A taxa de desemprego baixou para o nível dos 6%.
Será que isso se repete em 2025?
Para responder essa pergunta precisamos saber se as condições econômicas de 2024 persistirão no próximo ano.
Ou seja, o PIB cresceu mais de 3% graças, basicamente, ao superaquecimento da economia ligado à expansão dos gastos do governo, à ampliação do crédito e ao consumo das famílias.
Além disso, houve muitos investimentos dos governos municipais na conclusão de obras em vista das eleições nos municípios.
É pouco provável que esse quadro se repita em 2025.
O governo está sendo forçado a comprimir os gastos, a inflação avança rapidamente e uma forte alta de juros está contratada para 2025.
As obras realizadas pelos governos nos municípios devem diminuir bastante.
Isso tudo deve arrefecer o consumo das famílias e a geração de novos postos de trabalho.
Mas não antevejo a explosão do desemprego para 2025.
Isso porque várias atividades iniciadas ou continuadas em 2024 tenderão a se prolongar em 2025.
Construção civil
Por exemplo, os inúmeros lançamentos de moradias realizados em 2024 deverão ter continuidade em 2025.
O programa Minha Casa Minha Vida facilitou a aquisição desses imóveis e eles serão construídos e entregues em 2025. Isso deve manter uma boa parcela da força de trabalho empregada.
Além disso, espera-se, novamente, um bom desempenho do agro e dos minérios, em especial com o aumento de exportações para aproveitar o dólar alto.
Esses setores não geram muitos empregos diretos, mas têm um forte impacto no comércio e serviços que respondem pela maior parte dos empregos.
Energia limpa
A expansão dos projetos de energia limpa, igualmente, deverão contribuir para a geração de muitos empregos diretos e indiretos.
O que deve cair bastante é a contratação de servidores públicos, apesar de haver vários concursos programados. É provável que eles venham a ser adiados.
Os setores de educação e saúde devem continuar respondendo por grande parte dos empregos na área dos serviços.
Em suma, é provável que a geração de empregos em 2025 fique aquém da de 2024, gerando, talvez, uns 1,6 ou 1,7 milhões de novos postos de trabalho.
Programas sociais
Uma mudança que deve repercutir no emprego é a eventual redução dos programas sociais em função da aprovação do pacote de corte de gastos do governo federal. Como se sabe, em muitos municípios do interior do Brasil, o consumo é tocado basicamente pela renda dos programas sociais.
Por outro lado, o emprego poderia ter sido ainda mais animado não fora a concorrência dos programas sociais nas faixas de renda mais baixas.
Muitas empresas indicaram falta de mão de obra em 2024, exatamente devido à atração daqueles programas.
Se isso mudar em decorrência da contratação de gastos, podemos ter um aumento da procura de emprego e, nesse caso, uma elevação da taxa de desemprego em função da contração do poder de compra da população devido à inflação, aumento de juros e redução dos programas sociais.
Mas é pouco provável que a taxa de desemprego venha a explodir em 2025.
O mais provável é que ela suba um pouco em função das forças acima indicadas, chegando, talvez, aos 7%.
José Pastore é sociólogo e presidente do Conselho de Emprego e Relações do Trabalho da Federação do Comércio de São Paulo
Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.
Comentários (0)