Como o caso do passaporte para traficante impacta o Uruguai
O presidente Luis Lacalle Pou, do Uruguai, perdeu dois ministros e outros funcionários de alto escalão nos últimos dias. Essa é a pior crise política desde o início do mandato, em março de 2020. O caso, revelado na quarta, 1º de novembro, envolve um esquema para acobertar os trâmites da emissão oficial de um passaporte...
O presidente Luis Lacalle Pou, do Uruguai, perdeu dois ministros e outros funcionários de alto escalão nos últimos dias. Essa é a pior crise política desde o início do mandato, em março de 2020.
O caso, revelado na quarta, 1º de novembro, envolve um esquema para acobertar os trâmites da emissão oficial de um passaporte para um traficante uruguaio então preso nos Emirados Árabes Unidos em 2021.
"O Uruguai é conhecido por sua relativa ausência de grandes escândalos de corrupção ao longo dos anos", afirma o cientista político Eduardo Galvão, coordenador do MBA em Políticas Públicas e Relações Institucionais do Ibmec DF.
Lacalle Pou já havia enfrentado outros escândalos, mas nenhum com tantas baixas em seu governo.
Dentre aqueles, estão um esquema de venda de passaportes a russos e a contratação de um hotel ligado a uma senadora da situação para o alojamento de pessoas em situação de rua durante a pandemia de covid-19.
A crise política do governo impacta o prestígio do Uruguai como um ambiente de negócios. No início do ano, durante visita ao Brasil, Lacalle Pou pôde esnobar Lula e o Mercosul para avançar negociações de um acordo de livre-comércio com a China.
"Essa incerteza política e a preocupação com a governança podem levar a uma diminuição da confiança dos investidores estrangeiros na região, tornando-a menos atraente para investimentos diretos e contribuindo para a volatilidade dos mercados financeiros", diz Galvão.
O Uruguai realizará eleições presidenciais em outubro do ano que vem. Lacalle Pou não pode concorrer à reeleição, que é vetada pela Constituição.
Em abril do ano passado, o presidente disse não estar interessado em alterar a Carta Magna. Ele afirmou que a reeleição deve ser discutida em si, e não como meio para manter um político no poder.
"Suponhamos que há uruguaios que querem a reeleição, mas não poderia ser na próxima eleição, teria que ser na seguinte, como é feito na maioria dos países onde esse tema foi discutido. Caso contrário, [a reeleição] tem nome e sobrenome", disse Lacalle Pou na ocasião.
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