Como a Rússia está sabotando acordo entre Ucrânia e EUA
Kremlin teme que uma parceria econômica leve os americanos a fazerem um investimento de longo prazo no país invadido

De acordo com o último relatório do Instituto para o Estudo da Guerra, ISW, publicado no domingo, 2, o Kremlin está buscando sabotar o acordo de minerais entre a Ucrânia e os Estados Unidos por meio de narrativas direcionadas aos públicos ucraniano e americano.
Apesar do bate-boca entre o presidente americano Donald Trump e o ucraniano Volodymyr Zelensky (foto) na sexta, 28 de fevereiro, o ucraniano disse no domingo, 2 de março, que está pronto para assinar o acordo, aguardando apenas um aceno da Casa Branca.
Apesar de o acordo não implicar no envio de mais ajuda militar americana para a Ucrânia, o trato acabaria por formalizar uma parceria econômica, fortalecendo o elo entre americanos e ucranianos.
O acordo levaria os Estados Unidos a se comprometerem a um investimento de longo prazo na Ucrânia — algo que o ditador russo Vladimir Putin quer evitar a todo custo.
"Vender toda a Ucrânia"
Uma das maneiras de anular o acordo de minerais tem sido por meio de narrativas dizendo que a Ucrânia não seria beneficiada ou, então, que a Rússia poderia fazer uma oferta mais atraente aos Estados Unidos.
No dia 23 de fevereiro, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou que um acordo levaria o presidente ucraniano Zelensky a "finalmente vender toda a Ucrânia", incluindo os territórios ilegalmente anexados pela Rússia.
No dia seguinte, o programa de notícias noturno da televisão estatal russa Vesti disse que os Estados Unidos estariam chantageando a Ucrânia com o acordo mineral.
Além disso, um blogueiro russo afiliado ao Kremlin afirmou que "não há nada de bom para Kiev" no acordo de minerais.
Segundo o influenciador, o acordo seria "humilhante" para a Ucrânia e Zelensky estaria "vendendo os benefícios de seu país por nada" se assinasse o acordo.
Ofertas concorrentes
Outra maneira de frustrar o acordo seria por meio de ofertas paralelas.
O ditador russo, Vladimir Putin, afirmou ao jornalista do Kremlin, Pavel Zarubin, que a Rússia tem uma quantidade maior de minerais de terras raras que a Ucrânia.
Ele também afirmou que a Rússia poderia cooperar tanto com o governo dos EUA quanto com empresas americanas em projetos de investimento para minerais de terras raras.
Putin também se ofereceu para concluir acordos com os Estados Unidos sobre o fornecimento de alumínio russo, o que pode ter sido uma estratégia para atrair o olhar do empresário Donald Trump, sempre à procura de bons negócios.
Notícia atrasada
De acordo com o ISW, os veículos estatais russos, como a agência Tass e a RIA Novosti, estariam atrasando a publicação de declarações do porta-voz do Kremlin, para parecer que foram dadas após o encontro de Trump com Zelensky no Salão Oval da Casa Branca.
No domingo, 2, a Tass divulgou uma frase de Peskov, falando sobre a sincronia de interesses americanos e russos.
Peskov afirmou em 26 de fevereiro que o governo Trump está 'mudando rapidamente' todas as suas políticas externas de maneiras que 'coincidem amplamente com a visão (da Rússia).
Contudo, a Tass e a RIA Novosti só divulgaram as declarações de Peskov no domingo, 2.
"As manchetes da mídia estatal russa de 2 de março deturparam deliberadamente as declarações de Peskov, como se fossem uma resposta à reunião de 28 de fevereiro entre o presidente dos EUA, Donald Trump, e o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky", diz o ISW.
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