Com cortes de Trump, Rússia ganha espaço na mídia da América Latina
Após Trump reduzir verbas para programas como Voz da América, a Rússia vem ocupando espaços em países como Brasil e Argentina

A Rússia tem ampliado sua influência na mídia da América Latina, explorando o espaço deixado pelos cortes de financiamento promovidos pelos Estados Unidos durante a gestão de Donald Trump.
Segundo relatório do Centro Contra a Desinformação da Ucrânia, o Kremlin utiliza uma rede de veículos estatais, como RT e Sputnik, e influenciadores locais para disseminar narrativas que minam o apoio à Ucrânia e promovem sentimento antiocidental, adaptando conteúdos ao contexto regional.
A estratégia russa envolve parcerias com emissoras de TV e rádio, além de amplificação nas redes sociais.
Fernando Morgado, do portal Natelinha, destaca que, depois de Trump reduzir verbas para programas de soft power como a Voz da América, a Rússia vem ocupando espaços em países como Argentina, Brasil e México, onde temas como “neocolonialismo” e “soberania” ressoam com o público.
A Sputnik estaria aumentado sua presença digital, inclusive junto a portais brasileiros. Nós, da Crusoé, já fomos abordados para espalhar conteúdo russo, como Duda Teixeira mostra na reportagem desse link.
Além disso, o Departamento de Estado dos EUA aponta que o Kremlin já financiava campanhas de desinformação por meio de organizações como a Social Design Agency e a Nova Resistência no Brasil, que promovem ideologias autoritárias inspiradas pelo filósofo russo Aleksandr Dugin.
Essas ações buscam não só justificar a invasão da Ucrânia, mas também desestabilizar democracias regionais, explorando divisões políticas e narrativas anti-americana e anti-OTAN.
A resposta latino-americana varia. Enquanto líderes como o presidente colombiano Gustavo Petro mantêm posições neutras, evitando apoio militar à Ucrânia, embaixadores russos, como Nikolay Tavdumadze na Colômbia, criticam a mídia local por suposta parcialidade pró-Ocidente, reforçando narrativas do Kremlin.
A forma de encantamento e propaganda da Rússia inclui disseminar sua cultura, buscando com parcerias com governos ou entidades locais, como também mostramos nessa matéria de João Pedro Farah.
Más há componentes econômicos. No Brasil, a relação comercial com os russos, especialmente importante na importação de óleo diesel e fertilizantes agrícolas, complica a adoção de sanções, como sinalizado com os recentes telefonemas entre Lula e Putin.
A expansão da influência russa na região, no vácuo da inação americana, evidencia a importância de maior investimento em mídia independente e educação digital para combater a desinformação e manipulação de narrativas estrangeiras, sob qualquer viés, em busca de moldar opiniões locais.
Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.
Comentários (0)