Coelho, que confrontou ministros do STF, tentará o Senado
Desembargador aposentador que defendeu Filipe Martins no julgamento da trama golpista vai se filiar ao partido Novo em 10 de junho

Sebastião Coelho (foto) pretende disputar uma vaga no Senado pelo Distrito Federal em 2026, informou o partido Novo, ao qual o desembargador aposentado vai se filiar em 10 de junho.
Famoso por ter dito aos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), durante os primeiros julgamentos pelos atos de 8 de janeiro, que eles são "as pessoas mais odiadas deste país", Coelho defendeu Filipe Martins no caso da trama golpista, e abandonou sua defesa após o ex-assessor de Jair Bolsonaro se tornar réu.
“É uma honra receber o Dr. Sebastião Coelho no Novo. Um homem decente e honrado, que age com coerência e convicção. Sua coragem para enfrentar os abusos do Supremo é inquestionável, e mostra que teremos um projeto claro de representação qualificada, firme e pronta para encarar a tirania que se instalou em Brasília”, disse Eduardo Ribeiro, presidente nacional do Novo.
Currículo
Coelho, que está com 70 anos, fez carreira no Judiciário do Distrito Federal como juiz e desembargador do Tribunal de Justiça do DF e Territórios (TJDFT).
Em 2022, ele renunciou aos postos de vice-presidente e corregedor do Tribunal Regional Eleitoral do DF (TRE-DF) em protesto contra a posse do ministro Alexandre de Moraes na presidência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Meses depois, discursou em frente ao Quartel General do Exército, em Brasília, onde apoiadores de Bolsonaro insatisfeitos com o desenlace da eleição se aglomeravam desde o fim do segundo turno da eleição de 2022, para dizer que “a solução será prender Alexandre de Moraes”.
Gritos
No início do primeiro julgamento sobre a recepção da denúncia da trama golpista pelo STF, Coelho protestou aos gritos e chegou a ser detido em “flagrante delito por desacato e ofensas ao tribunal”, ao ser barrado no plenário da Primeira Turma, por não estar credenciado para aquele dia — o caso de seu cliente só seria julgado na semana seguinte.
O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) chegou a abrir um processo administrativo para apurar a conduta de Coelho como financiador dos atos de 8 de janeiro de 2023, mas a Polícia Federal não encontrou indícios que sustentassem as suspeitas.
"Trincheira"
Ao anunciar que deixaria a defesa de Martins, Coelho disse que estará "na trincheira contra o arbítrio do ministro Alexandre de Moraes".
"Depois de refletir, pessoal, sobre tudo isso, eu cheguei à conclusão que nós estamos numa guerra e essa guerra tem um lado, que é o Supremo Tribunal Federal junto com o governo atual, e do outro lado, os oprimidos. Eu resolvi que eu vou me alistar no exército dos oprimidos”, disse em vídeo.
Os aliados de Bolsonaro se preparam para ocupar a maioria das cadeiras do Senado a partir de 2027, com vias a enfim avançar com o processo de um ministro do STF. Na quinta-feira, 22, o desembargador aposentado publicou uma foto ao lado de Bolsonaro em seu perfil no Instagram.
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