Chinesa BYD vai suspender contrato com terceirizada após denúncias de escravidão
Ministro Rui Costa esteve na fábrica em 2 de dezembro: "Passamos para emprego com mais tecnologia, com mais desenvolvimento, e, por isso, nos causa alegria, entusiasmo"
A montadora chinesa BYD, de carros elétricos, anunciou na segunda, 23, que irá suspender o contrato com a construtora terceirizada Xinjiang, após denúncias de trabalho análogo à escravidão na fábrica de Camaçari, na Bahia.
Em nota, a BY afirmou que recebeu uma notificação do Ministério do Trabalho e Emprego afirmando que a construtora terceirizada Jinjiang Construction Brazil teria cometido graves irregularidades.
"A BYD Auto do Brasil reafirma que não tolera desrespeito à lei brasileira e à dignidade humana. Diante disso, a companhia decidiu encerrar imediatamente o contrato com a empreiteira para a realização de parte da obra na fábrica de Camaçari (Bahia) e estuda outras medidas cabíveis. A BYD Auto do Brasil reforça que os funcionários da terceirizada não serão prejudicados por essa decisão, pois vai garantir que todos os seus direitos sejam assegurados", diz a nota publicada no site da empresa.
"A companhia determinou que os 163 trabalhadores dessa construtora sejam transferidos para hotéis da região."
O ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa (foto), visitou as obras da fábrica em 2 de dezembro e não viu nada de errado.
Rui Costa ainda falou que o que ele viu seria motivo de "alegria" e "entusiasmo".
“Mais do que dobrar a oferta de emprego em relação ao que existia, no topo da produção da indústria que aqui estava, saltamos não só em quantidade, mas saltamos em qualidade da oferta de emprego. Passamos para emprego com mais tecnologia, com mais desenvolvimento, e, por isso, nos causa alegria, entusiasmo”, disse o ministro Rui Costa.
Denúncia
De acordo com reportagem do site Repórter Brasil, publicada na segunda, 23, uma força-tarefa com 40 servidores públicos encontrou 163 chineses em condições análogas às de escravo trabalhando nas obras da BYD em Camaçari.
"Apesar de a terceirização ser legal no Brasil, a empresa contratante precisa garantir as condições dos trabalhadores quando o serviço for realizado em suas dependências ou em local por ela designado. Por isso, a fiscalização considerou que a BYD é corresponsável", diz o site.
De acordo com o Repórter Brasil, "os contratos previam jornada de dez horas por dia, seis dias por semana, com possibilidade de extensão, o que levada a uma jornada semanal de 60 a 70 horas – muito maior do que o limite legal no Brasil de 44 horas".
Além disso, um dos alojamentos registrava 31 trabalhadores para um único vaso sanitário, levando os operários a terem que acordar às 4 horas da manhã para enfrentar uma fila.
"Muitos dormiam sem colchões, outros com produtos tão finos que era como se dormissem sem nada", diz o site.
"Como não havia armários, alimentos se misturavam a roupas e pertencentes, criando um ambiente em condições insalubres."
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