Chance de punição aumentou para governadores: pelo menos 30 atuais e ex encaram a Justiça
Com 13 condenações nas costas e respondendo a mais outros 20 processos, o ex-governador do Rio Sérgio Cabral (foto), obviamente, é hoje o político campeão de pendências com a Justiça criminal. Mas a lista de atuais e ex chefes dos executivos estaduais encalacrados com a Justiça é extensa e não escolhe partidos nem ideologias. Hoje,...
Com 13 condenações nas costas e respondendo a mais outros 20 processos, o ex-governador do Rio Sérgio Cabral (foto), obviamente, é hoje o político campeão de pendências com a Justiça criminal. Mas a lista de atuais e ex chefes dos executivos estaduais encalacrados com a Justiça é extensa e não escolhe partidos nem ideologias.
Hoje, além do Rio de Janeiro, onde cinco ex-governadores chegaram a ser presos, outros 17 estados e o Distrito Federal contam com atuais ou ex-governantes respondendo a investigações e processos criminais -- perfazendo um total de, ao menos, 30 políticos. O número pode ser ainda maior em razão dos processos que tramitam em sigilo.
Até 2014, poucas prisões de governadores haviam sido registradas. Entre elas estavam a de José Roberto Arruda, ex-governador do Distrito Federal, em 2010, quando ele foi alvo da Operação Caixa de Pandora, e a de Waldez Góes, ex-governador do Amapá, no mesmo ano.
Nos últimos seis anos, no entanto, ao menos dez governadores chegaram a ser presos em investigações da Polícia Federal. São eles: André Puccineli, do Mato Grosso do Sul, Marconi Perillo, de Goiás, Sérgio Cabral e Luiz Fernando Pezão, ambos do Rio de Janeiro, Agnelo Queiroz, do Distrito Federal, Silval Barbosa, do Mato Grosso, Ricardo Coutinho, da Paraíba, Marcelo Miranda, de Tocantins, José Melo, do Amazonas, e Beto Richa, do Paraná.
Há também estados em situação semelhante à do Rio de Janeiro, onde Wilson Witzel, atual chefe do executivo, é investigado e os outros cinco ex-governadores já conheceram a cadeia por escândalos de corrupção. É o caso de Tocantins. Lá, o atual governador Mauro Carlesse recebeu a visita da PF em março deste ano para um mandado de busca e apreensão. Seus três antecessores também tiveram problemas com a Justiça. Marcelo Miranda foi preso e condenado por ter liderado um esquema de desvio de recursos que causaram prejuízos de mais de 300 milhões de reais no Tocantins. Sandoval Cardoso e Siqueira Campos foram denunciados por peculato e corrupção.
Investigadores ouvidos por Crusoé sugerem uma explicação para o aumento no número de casos envolvendo governadores. Segundo eles, a ação mais enérgica dos órgãos de fiscalização federal, estimulada pela Lava Jato, acabou obrigando o Ministério Público e as polícias nos estados a avançar sobre os crimes praticados pelos chefes dos executivos locais.
Dois exemplos são citados: o do Rio de Janeiro, onde o Ministério Público, depois de anos fazendo vista grossa para práticas de corrupção, está à frente hoje de dezenas de casos que miram os antigos e atuais agentes públicos, e o da Paraíba, onde as investigações contra políticos também não costumavam avançar. O MP estadual paraibano, em parceria com o MPF e a PF, colocou atrás das grades, em dezembro de 2019, o ex-governador Ricardo Coutinho. A investigação iniciada com a Operação Calvário tem como alvo, na esfera federal, o atual governador João Azevedo, do Cidadania, e integrantes do Tribunal de Contas do Estado. Os desdobramentos sobre o esquema de desvios na área da saúde renderam seis denúncias, e Coutinho já é réu em um dos processos que pesam sobre ele.
O número de governadores na mira da Justiça aumentou ainda mais com a pandemia do novo coronavírus. No Amazonas, que já teve o ex-governador José Melo preso pela Operação Maus Caminhos, por desvios na área de saúde, o atual governador, Wilson Lima, foi alvo da PF pela compra de respiradores -- agora ele responde a um processo de impeachment na Assembleia Legislativa do estado.
O mesmo ocorre no Pará. Além de Hélder Barbalho, investigado pela compra de respiradores chineses, o ex-governador Simão Jatene também é alvo de investigação por supostos desvios em obras públicas.
Com as denúncias e operações da última semana, São Paulo também passou a ter mais de um ex-mandatário com problemas na Justiça. Os tucanos Geraldo Alckmin e José Serra terão que enfrentar as denúncias oferecidas pelo Ministério Público relacionadas a crimes descobertos pela Lava Jato. Alckmin é acusado de ter recebido 10,3 milhões de reais de caixa dois nas eleições de 2010 e 2014. Já Serra é acusado de lavagem de dinheiro por meio de uma contra controlada pela filha dele na Suíça e de receber 5 milhões de reais em caixa dois na campanha de 2014.
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Comentários (9)
Mauricio
2020-07-27 16:21:55Cadeia é pouco para estes bandidos. Corja de desgraçados. Sem escrúpulos.
Newton
2020-07-27 14:56:00País Tupiniquim...
GILSON
2020-07-27 12:17:44Eles estão se lixando para as condenações. Sabem que nunca serão punidos graças ao foro privilegiado, às ações dos seus guardiões togados e aos tortuosos caminhos judiciais criados para chegar às calendas gregas.
Sonia
2020-07-26 16:08:03Mas graças aos protetores ,saem livres ,vejam o ladrao do GEDDEL ,apesar de todas evidências está em casa
Silvana
2020-07-26 12:40:22Não vi referência à Pernambuco, que acredito, pode desbancar o Rio no quesito corrupção.
Alberto
2020-07-25 22:46:16O importante, no momento, é aumentar às vagas de presídios. Quando a turma que foi dispensada tiver que voltar, vão querer o lugarzinho, já batizado, que ele deixou. Então, aproveitando o ensejo da pandemia, e a urgência que o assunto requer, seria o ideal fazer presídios de campanha que serviriam para hospitalizar os doentes de Covid, os ladrões do dinheiro da Saúde, e, também, os presidiários que pegaram corona fora da cadeia. Claro, tudo junto! 'Ninguém solta a mão de ninguem'. Né não!
luizantonio-rj
2020-07-25 19:51:15O RJ é campeão! Todos, TODOS os ex governadores vivos estão na mira da justiça, com a honrosa exceção da Benedita, que só está fora porque não teve tempo nem desempenho cognitivo. Se os tribunais ditos superiores não atrapalharem a 1a instância resolve.
Volf MS
2020-07-25 17:05:56Se realmente houvesse justiça não ia ter nenhum solto, mas cada povo tem o governo que merece.
Getulio
2020-07-25 16:40:31Faz algum sentido mencionar ideologia? Comunismo residual? Tropica desde a queda estrondosa do Muro de Berlim e o enterro de Enver Roxha, que levou em seu caixão a chamada linha albanesa. Num Brasil de abundosas dinastias, como falar em entusiasmo pela da Coreia do Norte? Tanto os broncos da extrema direita quanto os primitivos da extrema esquerda dividem com membros notórios do Quadrilhão uma orientação, digamos, filosófica: o fisiologismo -- ou o neofranciscanismo do "É dando que se recebe".