Gage Skidmore via Flickr

Campanha de Trump faz ressalva a proposta sobre green card automático

21.06.24 17:08

Pré-candidato do Partido Republicano à Presidência dos Estados Unidos, Donald Trump afirmou ser favorável a conceder residência permanente a qualquer imigrante formado em universidade americana.

“Eles deveriam obter automaticamente, como parte do seu diploma, o ‘green card’ para poderem permanecer neste país”, disse Trump em entrevista ao podcast “All-In”, publicada nesta quinta, 20 de junho.

Green card é o nome popular para o título de residente permanente nos Estados Unidos.

A campanha do republicano fez ressalvas sobre a promessa nesta sexta, 21. A residência seria concedida apenas depois de um processo de “verificação agressiva” de solicitações.

“Isso só se aplicaria aos graduados universitários mais cuidadosamente avaliados, que nunca reduziriam os salários ou os trabalhadores americanos”, disse a assessora de imprensa nacional da campanha de Trump, Karoline Leavitt, em comunicado à emissora ABC News.

“[Trump] acredita que, somente após essa verificação, devemos manter os graduados mais qualificados que possam fazer contribuições significativas para a América”, acrescentou.

Leavitt ainda afirmou que estariam excluídos do processo aqueles que fossem considerado “islamistas radicais, apoiadores do Hamas, que odeiam a América”, em referência às recentes manifestações anti-Israel em universidades americanas.

Segundo uma pesquisa do instituto Gallup divulgada no final de fevereiro, cerca de 28% dos entrevistados citam a imigração como o tema mais importante.

É a primeira vez desde 2019 que o assunto lidera a lista de problemas na cabeça dos eleitores, acima mesmo da economia.

As outras promessas de Trump

 

Donald Trump é o personagem de capa da revista semanal Time, uma das mais relevantes da imprensa americana. Em duas longas entrevistas com o ex-presidente e candidato republicano nas eleições deste ano, o repórter Eric Cortellessa traz um retrato do que o republicano pretende fazer caso se torne o 47º presidente americano.

“Donald Trump pensa que ele cometeu um erro crucial em seu primeiro mandato: ele foi legal demais”, inicia a longa reportagem. A reportagem afirma que um Trump menos dependente do Partido Republicano e mais confiante estaria planejando uma “presidência imperial”.

O seu objetivo número um seria retirar cerca de 11 milhões de pessoas do país (3 em cada 100 habitantes dos EUA), imigrantes ilegais. Para isso, iria usar a Guarda Nacional e os militares contra a população civil.

Além disso, ele indica não alterar a política de reversão do direito ao aborto no país, permitindo que estados comandados por republicanos cheguem a monitorar a gravidez de mulheres e processem quem violar as normas.

Trump promete segurar verba do Congresso de acordo sua vontade, perdoar os seus apoiadores que invadiram o Capitólio em 2021 e deixar aliados da Otan no escuro, caso eles sejam atacados. Procuradores que não sigam suas ordens poderão ser demitidos, rompendo uma tradição mantida desde a fundação do país no século 18.

“Ele está completamente em modo guerra”, resumiu à revista Steve Bannon, um dos seus ideólogos mais antigos. “É onde está sua obsessão agora”.

Nas entrevistas à revista, o ex-presidente e um grupo de assessores próximos para política interna e externa mostram que o segundo mandato será uma tentativa de concentrar ainda mais poder, ignorando ou revertendo pesos e contrapesos que há entre os poderes.

Com a decisão da Suprema Corte em reverter o direito federal ao aborto, tomada em 2022, a palavra final passaria a ser dos estados, e Trump não indica vetar o retorno dos Comstock laws, série de leis do século 19 que impediram o envio de conteúdo considerado imoral ou obsceno — e pílulas para aborto entrariam nesta lista, paralisando o procedimento mesmo em locais onde a prática ainda é legalizada.

Ele ainda defende que os Estados Unidos sejam pagos pelas suas tropas deslocadas para outros países. Isso vale para locais como a Coreia do Sul —que conta com as tropas americanas para conter as ameaças da Coreia do Norte— e países da Otan, sob crescente ameaça da Rússia.

No fim da entrevista, Trump tentou se explicar sobre uma de suas falas mais polêmicas durante esta campanha, a de que agiria como um ditador, “mas apenas no primeiro dia”.  Ele diz apenas que a frase foi dita “como uma piada, sarcasticamente”, e comparou com quando sugeriu aos russos que hackeassem os e-mails de Hillary Clinton (o que, se soube depois, de fato aconteceu).

Se essa ameaça de ditadura não seria contrário ao princípio que rege a América há dois séculos e meio, pontua o repórter, não parece ser algo importante para Trump. “Eu acho que muita gente gosta.”

 

Leia mais em Crusoé: Em estado-chave, Trump ainda não teve o apoio unânime do seu partido

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