Cabral associa promoção de ministro do STJ a operador
No depoimento em que finalmente admitiu que recebia propina, o ex-governador Sérgio Cabral citou a promoção de um ministro do Superior Tribunal de Justiça como uma “conquista política” de Régis Fichtner, um dos principais operadores de seu esquema de corrupção. Aos procuradores, o político condenado a quase 200 anos de prisão deu detalhes da trajetória...
No depoimento em que finalmente admitiu que recebia propina, o ex-governador Sérgio Cabral citou a promoção de um ministro do Superior Tribunal de Justiça como uma “conquista política” de Régis Fichtner, um dos principais operadores de seu esquema de corrupção.
Aos procuradores, o político condenado a quase 200 anos de prisão deu detalhes da trajetória de Fichtner, que além de operar o esquema de propina no Rio era seu interlocutor com o mundo jurídico. Ele foi chefe da Casa Civil do governo do Rio.
No depoimento, prestado à Lava Jato em 21 de fevereiro, o ex-governador disse que o primeiro sucesso de Fichtner na política foi emplacar a promoção de um juiz de primeira instância a desembargador. Disse ele: “Uma das primeiras conquistas de Regis em sua atuação política foi a promoção de Bellizze a desembargador”.
Trata-se de Marco Aurélio Bellizze, juiz de carreira promovido a desembargador e, depois, nomeado para uma vaga no STJ em 2011 com o apoio de Cabral.
Cabral aproveitou para deixar recados ao círculo jurídico que se aproximou dele quando estava no auge. “Regis sempre levava, no período da Alerj, candidatos a cargos de desembargador, e, quando no Senado, candidatos a cargos de ministros de tribunais superiores; que Regis funcionava como assessor e consultor jurídico”, afirmou.
Quando Cabral foi eleito presidente da Assembleia do Rio, Regis Fitchner foi nomeado como procurador-geral da casa. Depois, com a ascensão política do emebedista, o operador o acompanhou -- a ponto de ser um dos homens fortes de seu governo.
O depoimento marca uma inflexão na postura de Sergio Cabral, preso desde novembro de 2016 pela Lava Jato.
Depois de meses negando peremptoriamente ter recebido propina e de recorrer a eufemismos para explicar pagamentos suspeitos descobertos pela operação (ele dizia, por exemplo, que aquilo que os procuradores entendiam como propina nada mais era do que sobra de campanha), o ex-governador finalmente admitiu aos procuradores que se beneficiou de dinheiro sujo.
“A iniciativa de ser ouvido no MPF de fato partiu do depoente e de sua defesa, indo ao encontro de uma nova postura que pretende adotar frente às investigações, que quando se iniciou a operação Lava Jato era cético quanto às probabilidades de sua condenação”, disse.
Em nota enviada a Crusoé por sua assessoria, o ministro declarou o seguinte: "O ministro Marco Aurélio Bellizze informa que sua promoção para desembargador do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro ocorreu em 2004, quando o ex-governador Sérgio Cabral sequer tinha assumido o cargo. Esclarece ainda que a sua escolha foi feita pelo Órgão Especial daquela corte, atendendo critério de merecimento dentre o terço de juízes mais antigos em 2004, depois de ter constado três vezes em lista entre os mais votados, o que tornou sua promoção automática".
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Comentários (10)
MARCOS
2021-08-23 13:54:00ESSA DEDURAÇÃO SÓ DEU EM MAIS CANA E SÓ PARA ELE.
Luisinho
2019-02-27 21:36:39Está chegando a hora da lava jato vir com a operação Lava Toga no poder judiciário e no STF, EMPICHAR os ministros;Tofoli, Gilmar e Levandoviski
Aldo Araújo
2019-02-27 20:23:00Se fosse Lula fazendo um "mea culpa" deste, fico imaginando a petralhada histérica, apontando para a TV e gritando: " É MENTIRA!"
Israel
2019-02-27 14:22:01Tudo farinha do mesmo saco
Antonio
2019-02-27 12:16:57Essa corja nem desejo perder meu tempo em ler nada sobre eles. Só me interesso quando inserirem que todos retornaram aos cofres públicos o que roubaram com correção monetária.Isso nos interessa!
Carlos
2019-02-27 11:22:00Quer dizer que quando chega nos Tribunais Superiores, a lama, querem escondê-la, nada disso, quem deve tem que pagar ou são intocáveis, pau que bate em Chico tem que bater em Francisco, não é? Então, MPF e PGR chegou a hora de denunciar os envolvidos em todos os Poderes, não é seu Tofoli?
Simone
2019-02-27 11:02:13Lava-Toga já! Fora Gilmar!!!
Mirza
2019-02-27 08:31:22Abre o bico quando interessa. Já deu tempo para esconder muitas provas. Pobre esposa, sempre a última em saber. Cá pra nós uma advogada de prestígio, circulando com políticos, jóias e a farra dos guardanapos em Paris e não sabia de nada???? Pinochio e Papai Noel existem.
Flavio
2019-02-27 07:28:54claro que entregará o judiciário.
Emilio Cedo
2019-02-27 07:21:49Ainda bem que temos a Crusoé e sua veia efetivamente crítica. Nos jornalões de TV nenhuma menção ao "desembargador".