Bolívia realiza eleição sem gasolina
Segundo turno entre Quiroga e Paz pode marcar reaproximação dos Estados Unidos

Os bolivianos vão às urnas para o segundo turno da eleição presidencial, em meio à grave falta de combustível no país.
Os eleitores decidirão entre o ex-presidente Jorge Tuto Quiroga (foto) e Rodrigo Paz.
A realização, contudo, pode ser afetada pela ausência de gasolina nos postos, embora o Tribunal Supremo Eleitoral garanta que o material eleitoral chegará aos locais de votação.
Em algumas cidades, filas quilométricas se formam nos postos.
Crise de combustíveis
A principal causa da escassez é a falta de reservas internacionais em dólares, que limita a capacidade do país de importar combustíveis.
A Bolívia depende de importações para suprir cerca de 56% da gasolina e quase toda a demanda por diesel.
Mas a estatal não consegue honrar seus comrpomissos com fornecedores internacionais.
Pesquisas
Após duas décadas de hegemonia, os eleitores derrubaram o Movimento ao Socialismo (MAS), partido fundado pelo ex-presidente Evo Morales.
De acordo com levantamento da Ipsos-Ciesmori/Unitel, "Tuto" Quiroga lidera com 47% das intenções de voto, enquanto Paz tem 39,3%.
Outras pesquisas, no entanto, indicam um empate técnico entre os dois candidatos.
Quem for eleito, governará a Bolívia pelos próximos cinco anos.
Histórico dos candidatos
Quiroga cresceu na política sob a mentoria do ex-presidente Hugo Banzer, de quem foi vice-presidente e o sucedeu, assumindo o mais alto posto do país.
Do outro lado, Rodrigo Paz, imagem e semelhança de seu pai, que presidiu a Bolívia no final dos 80 e início dos 90, e que tem no carisma e simpatia seus maiores ativos.
Enquanto Quiroga vende experiência e técnica, Paz vende afago e discurso de força popular.
Proximidade com os EUA
O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, comentou sobre a disputa de segundo turno.
Para ele, ambos os candidatos buscam uma "relação forte" com a Casa Branca após 25 anos "de um governo antiamericano".
"No final deste mês, haverá uma eleição na Bolívia depois de 25 anos, 0 anos de um governo hostil antiamericano. Ambos os candidatos que se apresentam nesta eleição e no segundo turno querem relações fortes e melhores com os Estados Unidos e há outra oportunidade transformadora lá. Esse é o hemisfério em que vivemos e ter vizinhos fortes como esse é importante", disse Rubio, em coletiva ao lado de Donald Trump.
Como apontou Bruno Soller em "Apelo social ou experiência administrativa?" , uma vitória de Quiroga, representaria uma clara aproximação com o eixo formado por Trump, Javier Milei, da Argentina, e Daniel Noboa, do Equador.
Ele passou vários anos nos Estados Unidos atuando como engenheiro.
Se o vencedor for Rodrigo Paz, é mais difícil cravar qual seria sua real posição na região.
O discurso dele condena o chavismo, mas não é tão enfático como Quiroga no apoio às medidas americanas.
Leia mais: Apelo social ou experiência administrativa?
Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.
Comentários (0)