Bem vindo, ditador
Vexatório, vergonhoso e apequenado. Foi assim que os editoriais dos maiores jornais do Brasil descreveram Lula pela sua acolhida a Nicolás Maduro em Brasília nesta semana. O presidente teceu loas ao ditador em dois dias de agenda. A visita ainda rendeu constrangimento com a agressão física a jornalistas por agentes pessoais do venezuelano e do...
Vexatório, vergonhoso e apequenado. Foi assim que os editoriais dos maiores jornais do Brasil descreveram Lula pela sua acolhida a Nicolás Maduro em Brasília nesta semana. O presidente teceu loas ao ditador em dois dias de agenda. A visita ainda rendeu constrangimento com a agressão física a jornalistas por agentes pessoais do venezuelano e do Gabinete de Segurança Institucional (GSI).
Lula quer reintroduzir Maduro, um pária político acusado de narcotráfico, no cenário internacional. O motivo oficial da visita era a reunião da recém-reestruturada União das Nações Sul-Americanas (Unasul), cúpula criada por Hugo Chávez para consolidar as relações entre os governos da primeira "onda rosa" no continente.
A reaproximação do Brasil com a ditadura venezuelana não começou nesta semana. Lula enviou, ainda em janeiro, uma missão para reabrir a embaixada do Brasil na Venezuela, fechada em 2019. Em março, com a embaixada reaberta, o assessor especial e ex-ministro Celso Amorim se reuniu com Maduro em Caracas.
O presidente brasileiro acredita que pode se projetar internacionalmente se for o responsável pela reconciliação entre regime e oposição. As negociações entre as partes, sob intermediação do México, estão travadas há anos.
“Essas reuniões sempre têm acabado no adiamento de compromissos, o que serve de cortina para Maduro concentrar ainda mais poder”, diz Moisés Naím, cientista político venezuelano do Instituto Carnegie para a Paz Internacional.
Entretanto, o petista não deve conseguir sucesso. “Os governos podem ser fortes na diplomacia se tiverem respaldo na política doméstica. E, neste momento, Lula não é forte no Brasil”, argumenta Naím em entrevista para a edição de Crusoé desta sexta-feira (2).
De fato, integrantes do governo federal criticaram em reservado a visita por ter ocupado espaço da agenda com o Congresso em uma semana decisiva, com votações da MP dos Ministérios e do PL do marco temporal. Em ambos os casos, Lula saiu derrotado ou, pelo menos, enfraquecido.
O acolhimento ao ditador também tem seus custos financeiros. Lula falou na segunda em renegociar a dívida de US$ 1,2 bilhão da Venezuela com o BNDES. Com o aval do Senado em 2016, Dilma Rousseff perdoou US$ 300 milhões de dívidas de países africanos com um fundo precursor do BNDES.
Houve ainda o constrangimento diplomático. Ao chamar de “narrativas” as denúncias de violações a direitos humanos na Venezuela, Lula foi alvo de críticas dos presidentes Gabriel Boric, do Chile, e Luis Lacalle Pou, do Uruguai — um representante da nova esquerda e outro, da direita.
Nem sempre democracias podem se isentar de relações com autocracias. A guerra na Ucrânia e o conflito tarifário entre os EUA e a China provam isso. Entretanto, a manutenção de relações diplomáticas e comerciais não implica prestigiar os ditadores e vender sua propaganda. Veja-se, por exemplo, o caso do assassinato do jornalista Jamal Khashoggi pelo regime da Arábia Saudita: o governo Biden, nos EUA, defendeu a imunidade diplomática do ditador Mohammed bin Salman, mas apontou sua responsabilidade pelo crime.
Considerado ilegítimo pelo Ocidente desde 2019 por fraude eleitoral, o regime de Maduro está a caminho da reintegração internacional, com ou sem Lula. A escassez de petróleo decorrente do conflito no Leste Europeu levou os EUA a afrouxar sanções, liberando a Chevron para retomar operações na Venezuela.
A falha no discurso de Lula sobre o país caribenho vai na mesma linha de suas declarações sobre a Ucrânia: o petista fala em equiparar todos os lados do conflito para se contrapor aos EUA, que tomam partido nessas questões.
O que o presidente brasileiro promove é uma falsa neutralidade. Ela talvez funcionasse nos seus primeiros mandatos, mas não na era das redes sociais. Qualquer pessoa pode acessar documentos e se informar sobre as violações a direitos humanos na Venezuela.
Não se trata de “narrativas”. Segundo a ONG Foro Penal, havia em 2022 na Venezuela 245 prisioneiros políticos em centros de detenção, alguns deles submetidos a tortura por choque elétrico, afogamento e violência sexual. Também referente àquele ano, uma missão que se reportava à ONU apontou 716 mortes em protestos.
Questionado sobre as críticas de Boric e Lacalle Pou, o petista afirmou que “ninguém é obrigado a concordar com ninguém”. Desse modo, Lula se opõe à própria noção de direitos humanos — que são universais e, logo, devem ser incontroversos para que tenham alguma serventia.
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Comentários (7)
Amaury G Feitosa
2023-06-04 15:28:26Lula + Maduro + Ortega + Morales + Fernandez = LIXO da América LaTINDO.
Helio
2023-06-03 22:10:04Humilhante e vergonhosa posição do Lula
Sônia Adonis Fioravanti
2023-06-03 14:14:09Lulaa faz questão de viver a parte da realidade .sempre apoiando ,dita dores ,cor RUPTOS ,lá droes e assa SSINOS 🤮
ROBERTO DE VASCONCELLOS PEREIRA
2023-06-03 12:07:12Não deixa de ser muito curioso como Lula não esconde, mas até divulga publicamente, sua enorme afinidade com a ditadura. E não só ditaduras de esquerda, já que Lula dá sinais muito amistosos até ao Irã. E também à Rússia, que está mais para um fascismo. Para a maioria, Lula tem inexplicavelmente dado tiros no pé a toda hora. Mas a militância acha tudo isso muito lindo e chama essas coisas de "democracia". É a tal narrativa. Tudo é relativo no "pós-moderno". E o Bolsonaro que era ditador ?
Odete6
2023-06-02 21:28:09Mais uma maldita vergonhosa e degradante página pra gente chutar para o lixo da História!!! 😖😖😖😤😤😤🤬🤬🤬
Odete6
2023-06-02 21:23:46Que o """côngrétu nássiônáu""" e a """púlíta fêdêráu""" dêem uma surra nesse marginal ladrão asqueroso, pelego perverso e sem vergonha dos seus pares!!!
Sergio
2023-06-02 20:27:19Tapa na cara de milhões de exilados. À esquerda não aprende com os próprios erros. Eu sou você amanhã, só que sem petróleo.