Barroso critica Bolsonaro: 'Tentar desacreditar eleições é estratégia de vocações autoritárias'
Em despedida da presidência do Tribunal Superior Eleitoral, Luís Roberto Barroso (foto) mandou recados a Jair Bolsonaro e afirmou que a tentativa de desacreditar o processo eleitoral faz parte do rol de estratégias de "vocações autoritárias", que costumam realizar acusações falsas e propagar o discurso de fraude nas eleições diante de derrotas nas urnas ou...
Em despedida da presidência do Tribunal Superior Eleitoral, Luís Roberto Barroso (foto) mandou recados a Jair Bolsonaro e afirmou que a tentativa de desacreditar o processo eleitoral faz parte do rol de estratégias de "vocações autoritárias", que costumam realizar acusações falsas e propagar o discurso de fraude nas eleições diante de derrotas nas urnas ou da iminência delas.
"Trata-se de repetição mambembe do que fez Donald Trump nos Estados Unidos, procurando deslegitimar a vitória inequívoca de seu oponente e induzindo multidões a acreditar na mentira", observou o ministro. "A moral da história, como eu já disse anteriormente, é que não há remédio na farmacologia jurídica para maus perdedores", completou.
O discurso ocorreu um dia após o presidente da República acusar Barroso, Edson Fachin e Alexandre de Moraes de articularem para torná-lo inelegível "na canetada" e para emplacar Lula no Palácio do Planalto. Bolsonaro disse, ainda, que os três agem como "adolescentes".
Barroso acrescentou que o TSE resistiu à disseminação de notícias falsas sobre as urnas de forma contundente. O ministro elencou cinco ações:
- Instauração de procedimento administrativo exigindo a apresentação de fraudes alegadas pelo presidente da República. "Desnecessário enfatizar que as provas não foram apresentadas, porque simplesmente não existem", pontuou;
- Notícia-crime contra o presidente da República por reiterada divulgação de notícias fraudulentas que se encontram em apuração em inquérito que tramita no STF;
- Notícia-crime contra o presidente da República por vazamento de informações sigilosas constantes de inquérito igualmente sigiloso da Polícia Federal, fornecendo, dessa forma, dados da arquitetura interna da Tecnologia da Informação do TSE e facilitando o ataques por hackers e milícias digitais;
- Desmonetização de sites que difundiam campanhas de desinformação, como tal entendida a divulgação de mentiras deliberadas como estratégia de desestabilização da democracia.
No pronunciamento, Barroso frisou que, ao longo dos últimos anos, a democracia e as instituições "passaram por ameaças" das quais ele acreditava que o país havia se livrado. "Não foram apenas exaltações verbais à ditadura e à tortura, mas ações concretas e preocupantes", anotou.
O ministro apontou que, não à toa, "a marca Brasil vive um momento de deprimente desvalorização mundial" e avaliou que "passamos de um país querido e admirado internacionalmente a um país olhado com desconfiança e desprezo".
"Em um mundo que assiste preocupado à ascensão do populismo extremista e autoritário, a preservação da democracia e o respeito às instituições passaram a ser ativos valiosos e indispensáveis para quem queira ser um ator global relevante. Não é de se surpreender que dirigentes brasileiros não sejam hoje bem-vindos em nenhum país democrático e desenvolvido do mundo e, nos eventos multilaterais, vaguem pelos corredores e calçadas sem serem recebidos, acumulando recusas em pedidos de reuniões bilaterais", emendou.
Barroso deu destaque a sete investidas de Bolsonaro contra a democracia e as instituições:
- Comparecimento à manifestação na porta do Exército, na qual se pedia a volta da ditadura militar e o fechamento do Congresso e do STF;
- Desfile de tanques de guerra na praça dos Três Poderes, com claros propósitos intimidatórios;
- Ordens para que caças sobrevoassem a praça dos Três Poderes com a finalidade de quebrar as vidraças do STF, em ameaça a seus integrantes, como revelado pelo ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Raul Jungmann;
- Comparecimento às manifestações do Sete de Setembro, com ofensas a ministros do STF e ameaças de não mais cumprir decisões judiciais;
- Pedido de impeachment de ministro do STF em razão de decisões judiciais que desagradavam;
- Ameaça de não renovação de concessão a emissora que faz jornalismo independente;
- Agressões verbais a jornalistas e órgãos de imprensa, entre outras.
Barroso deixa o comando do TSE na próxima terça-feira, 22. O ministro será sucedido por Edson Fachin, que vai ter Alexandre de Moraes como vice. O presidente Jair Bolsonaro foi formalmente convidado para a solenidade durante uma visita dos dois últimos ao Planalto.
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Comentários (10)
Waldemar
2022-02-18 10:17:52Ministro Barroso propagou uma fake-news quando afirmou que houve ordem para que aviões da FAB fizessem rasantes para quebrar os vidros do STF como ato recente de ameaça à Democracia.Isto aconteceu em 2012 e fez parte de uma comemoração pública. Associar este fato à atual cizânia entre o STF e o PR, é no meu modo de ver má fé e fake-news, contrário a todo o resto falado por Barroso em sua despedida ontem do TSE.
Waldemar
2022-02-18 09:14:02O único argumento dado pelo Ministro sobre a segurança da urna é que ela não está ligada à internet; que houve um esforço de busca de vulnerabilidades por hackers éticos e nada foi identificado. Eu tenho dúvidas no processo de compilação, carga das urnas e na auditoria pós-eleição destas. A pá de cal nas inquietações, seria criar dupla verificação no processo de votação, mas a TI do TSE não quer agir assim. Que a eleição de outubro possa trazer esperança ao País.
FRANCISCO
2022-02-17 22:56:02Certíssimo o Ministro Barroso.
Globo esselixo
2022-02-17 22:02:55Boca de veludo ! Vai tomar no c... Seu grande merda!
Jaime
2022-02-17 15:30:31Olha só quem fala em autoristarismo...os caras ANULAM provas contra um criminoso delatado (na prática, livrando o cara de qualquer pena, já que o MPF NÃO pode usar as provas colhidas nos inquéritos da PF), fatiam julgamento, e ainda querem dar uma de democrata...
Júlio
2022-02-17 14:59:57E fazer eleição duvidosa onde empresa terceira tem acesso aos resultados? E se negar a fazer o voto impresso mesmo com a população pedindo? E não responder nem modificar as falhas apresentadas pela PF. porque não fazer co. Voto auditavel como 98% do mundo faz? E isso aí, mentem tanto que o povo acaba acreditando. BANDIDOS.
Claudio
2022-02-17 14:24:17O Barroso além de mentiroso é um irresponsável. Os motivos que segundo ele é uma demonstração de força por parte do Presidente são tradicionais e rotineiras. O desfile das Forças Amadas em Brasilia: os voos de jatos em Brasilia em treinamento; a busca de impedimento de Ministros do STF é uma garantia constitucional; a não renovação da Globo pq está inadimplente com a Fazenda Nacional; e finalmente ao comparecimento a desfile realizado em 07 de setembro de 2021. Parece brincadeira.
Júlio
2022-02-17 13:58:52É o avesso. Como pode tanta mentira. Porque não o voto auditável? Porque eles continuam interferindo no governo para desfastá-lo? Porque soltaram o Lula e liquidaram com a Lava Jato? SEUS CANALHAS, vocês não vão conseguir enganar a todos. Se fizerem falcatruas e tomarem o poder, das mãos de Deus vocês não escapam.
Marcia E.
2022-02-17 13:49:11Gostei de ver hoje a mensagem deixada para o ilustre acéfalo messias BOZOASNO. Mas já estou observado o gado questionando, especialmente pelo que ficou claramente explicado: As urnas são auditáveis!!!
FRANCISCO AMAURY GONÇALVES FEITOSA
2022-02-17 13:16:24o ministro Barroso pelo visto ignorou o que ocorreu no TSE quando o presidiu .. hackers por oito meses invadiram e fizeram o que? deixaram flores? por que "apagaram" os registros backups e login dos criminosos? ah eram floristas claro .. aí autoritário é quem ousa pedir explicações contra isto? como fica Fachin novo presidente do TSE que de forma dura e incontestável avisa que o TSE JÁ PODE estar sob ataque criminoso? isto é gravíssimo e terá consequências .. é aí vão "deseleger" o dr. Fschin?