Azerbaijão usa ambientalistas da COP29 para promover petróleo
O ditador do país, Ilham Aliyev, abriu a cúpula com a afirmação de que o gás e o petróleo são um "presente de Deus"
A COP29 (Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas) sediada em Baku, no Azerbaijão, que teria por objetivo o "combate às alterações climáticas", na verdade se tornou um evento para a promoção de negócios envolvendo petróleo e gás natural.
O ditador azeri, Ilham Aliyev, afirmou na reunião que os combustíveis fósseis são um "presente de Deus" e que os países com reservas de gás e petróleo "não podem ser culpados".
O chefe da ONU (Organização das Nações Unidas), António Guterres, rebateu a fala de Aliyev e disse que seria um "absurdo" o país dobrar a produção de gás. Como alternativa, Guterres afirmou que a "energia limpa" seria a solução.
Na semana anterior, o diretor-executivo da COP29, Elnur Soltanov, foi exposto em outra contradição do governo do Azerbaijão.
A BBC News divulgou que Soltanov foi visto em uma reunião negociando "acordo de combustíveis fósseis", com um homem que se apresentava como um investidor, para a empresa estatal Socar, da qual é membro do conselho:
“Temos muito campos de gás que precisam ser desenvolvidos”, afirmou o vice-ministro.
Números da Agência Internacional de Energia mostram que 90% das exportações do Azerbaijão decorrem do petróleo e gás, o que reforça o interesse em negociações durante o evento.
O mercado europeu é o maior destino dos combustíveis fósseis, representando 75% das vendas.
Tanto que a Comissão Europeia assinou um acordo com o Azerbaijão, em 2022, para aumentar importação de gás e reduzir a dependência russa.
Intermediário de Putin
Aliyev é acusado de facilitar o ditador russo, Vladimir Putin, na exportação de gás e petróleo da Rússia a outros países, em meio às sanções impostas pelo Ocidente após a invasão à Ucrânia.
O Azerbaijão, então, se tornou uma das alternativas de exportação para burlar as medidas adotadas para sufocar as vendas de gás natural ao território europeu.
Os russos aproveitam países que não aderiram às sanções, entre eles a China e Índia, para driblarem o teto imposto pelas sanções.
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