Ativismo judicial eleva risco-país no Brasil
Pesquisa do Instituto Millenium apontou quadro de deterioração do país nos principais indicadores de risco
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O Brasil é o país com o pior desempenho no ranking de risco-país de 2024, segundo um estudo do Adam Smith Center For Economic Freedom em parceria com o Instituto Millenium.
A pesquisa analisou os fatores políticos, econômicos, sociais e internacionais de seis países da América Latina: Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, El Salvador e México.
Na escala de 1 a 5, o índice brasileiro passou de 3.07 para 3.32.
Quanto maior o número, maior o risco-país.
Os pesquisadores entrevistaram representantes do setor acadêmico, corporativo, civil e do governo.
Ativismo judicial
Uma das principais causas do aumento da percepção de risco é o fortalecimento do ativismo judicial no país.
"O principal fator de deterioração institucional foi a questão do ativismo judicial, que não é restrito só ao Supremo Tribunal Federal, mas o ativismo se reflete em todo o sistema judiciário.
Na medida em que você cria, por exemplo, prerrogativas para aumentar o escopo de atuação de uma Corte de qualquer instância ", afirma o pesquisador associado do Instituto Millenium, Paulo Resende.
Segundo o pesquisador, houve ainda uma piora na confiança sobre partidos políticos e na percepção da relação entre o Poder Executivo e o Poder Legislativo.
"Uma das causas apontadas é que a preferência da população migrou mais para a direita, no sentindo oposto ao governo", diz Resende.
A percepção sobre a possibilidade de um golpe de Estado, contudo, ficou menor em comparação ao mesmo levantamento do ano passado.
Gastos do governo
O problema do descontrole fiscal do governo Lula (PT), puxado pelos gastos desenfreados, também contribuiu para a elevação da percepção de risco.
"A expectativa de que, em algum momento do futuro, vai ser necessário fazer um aperto fiscal significativo para justamente lidar com a questão da dívida. A incerteza que isso gera em relação aos investimentos é muito grande", afirma Resende.
A crise fiscal, que desencadeou na elevação da taxa de juros básicos, a taxa Selic, afasta os investidores do Brasil.
No caminho contrário, a Argentina foi a nação que apresentou a melhor evolução no ranking.
O país presidido por Javier Milei passou de 3.49 para 3.06.
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