As negociações secretas entre o HTS e a Rússia
Kremlin quer manter as bases militares de Khmeimim e Tartus, enquanto os jihadistas buscam legitimidade
O novo governo da Síria, composto pelos terroristas do Tahrir al-Sham (HTS), e a Rússia, iniciaram negociações secretas para que o Kremlin mantenha as bases militares de Khmeimim e Tartus, segundo revelou a revista The Economist.
Desde a queda do ditador Bashar Assad, apoiado por Vladmir Putin, o Kremlin retirou centenas de tropas militares do país.
O HTS, contudo, tem sido pragmático nas relações com a Rússia. O grupo quer se legitimar como o governo local após a transição, que termina em 1º de março.
Com isso, os jihadistas devem permitir que os russos mantenham o controle do porto de Tartus, sendo a única saída do Kremlin ao Mar Mediterrâneo.
Na negociação, o Kremlin condicionou o fornecimento de apoio humanitário à Síria em troca de seguir controlando Tartus e a base de Khmeimim.
A forte crise econômica, iniciada antes mesmo da vitória do HTS, incomoda a população síria.
Na última semana, a ONU (Organização das Nações Unidas) organizou uma "ponte aérea" para o envio de suprimentos ao país.
Do lado do HTS, a ideia é que haja um estreitamento diplomático e econômico entre os governos para que o novo regime tenha ligação com o exterior.
Saída estratégica
Aliado de Assad na guerra civil da Síria em 2015, Putin não forneceu ajuda ao antigo regime contra o HTS
O que Putin fez foi conceder asilo a Assad e sua família, que deixaram o país através da base de Khmeimim com ajuda dos russos.
Enfraquecido pelos conflitos na Ucrânia, o Kremlin retirou-se em grande escala do território sírio.
Segundo funcionários da inteligência dos Estados Unidos, as autoridades russas tiraram boa parte do aparato militar do país como parte de negociações para manterem as bases estratégicas.
A coexistência entre os militares russos e o novo governo sírio, contudo, parece não ter escalado para um novo conflito.
De um lado, os russos querem manter o posicionamento estratégico.
Já o HTS pretende legitimar-se como um governo sírio reconhecido internacionalmente.
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