Ecos do 1º turno: as derrotas de Bolsonaro e do PT, o fortalecimento do DEM e a ascensão de Boulos
Ao contrário de disputas anteriores, quando ficava visível a olho nu quem se consagraria como o principal destaque entre partidos e personalidades políticas, ainda não é possível apontar um grande vencedor nas eleições municipais deste ano. A primeira etapa do pleito travada neste domingo, 15, diz mais sobre derrotados do que vencedores. Nesse ponto, o...
Ao contrário de disputas anteriores, quando ficava visível a olho nu quem se consagraria como o principal destaque entre partidos e personalidades políticas, ainda não é possível apontar um grande vencedor nas eleições municipais deste ano. A primeira etapa do pleito travada neste domingo, 15, diz mais sobre derrotados do que vencedores. Nesse ponto, o resultado das urnas é eloquente: o presidente Jair Bolsonaro, cujo partido é ele mesmo, é ao lado do PT quem mais amargou reveses políticos – o que concorre para reforçar o desgaste da polarização no plano nacional. Dos seis nomes que receberam apoio escancarado do presidente em capitais, somente Capitão Wagner, do PROS, em Fortaleza, e Marcelo Crivella, do Republicanos, que disputa a reeleição no Rio, seguem no segundo turno. Detalhe importante: os dois tiveram menos votos do que seus adversários. E só uma reviravolta improvável no Rio fará com que Crivella renove o mandato por mais quatro anos.
Se consideradas capitais e cidades do interior, o presidente endossou 13 candidaturas a prefeito. Somente Mão Santa, candidato do DEM à reeleição em Parnaíba, no Piauí, e Gustavo Nunes, nome do PSL em Ipatinga, se elegeram neste domingo, 15. Mas foi em São Paulo a derrota mais doída para Bolsonaro. A ida de Bruno Covas, do PSDB, e de Guilherme Boulos, do PSOL, para o segundo turno constituiu o pior cenário possível para o presidente na capital paulista. O favorito na disputa, Covas é o candidato do governador tucano João Doria. Além de ter sido eleito por Bolsonaro como o seu antípoda desde a eclosão da pandemia do coronavírus, Doria é um possível adversário do presidente na corrida eleitoral em 2022. Já o líder do MTST personifica, ao lado de Lula, tudo o que Bolsonaro mais abomina politicamente.
O PT, de Lula, foi o outro grande derrotado. Além de perder terreno para o PSOL, PCdoB e PSB, a legenda obteve o pior resultado da história do partido em uma disputa pela prefeitura de São Paulo com Jilmar Tatto, que conquistou apenas 8% dos votos. O partido ainda perdeu feio em Fortaleza, ficando fora do segundo turno, e em Vitória, com João Coser, sua maior aposta nas capitais — por muito pouco, 1.201 votos, ele não ficou de fora do segundo turno. O melhor resultado foi no Recife, mesmo assim com mais mérito do sobrenome Arraes do que de Lula, que na maioria das capitais só contribuiu para afundar ainda mais as candidaturas que apoiou – na capital de Pernambuco, Marília Arraes irá disputar o segundo turno contra João Campos, do PSB.
Embora ainda não seja possível apostar na consagração de algum político ou partido na primeira fase do pleito, há os que saíram do primeiro turno bem maiores do que entraram. É incontestável, por exemplo, a ascensão de Guilherme Boulos que, abrigado por um partido nanico, o PSOL, conseguiu alcançar o segundo turno no maior colégio eleitoral do país. Apesar de não ser o favorito para levar a eleição, Boulos se consolida como uma alternativa na esquerda com capacidade de projetar voos maiores nesse espectro político. A esquerda obteve votações expressivas em cidades importantes como Porto Alegre, Belém e Recife, mas é o líder do MTST que pessoalmente se destaca até agora.
Entre os partidos, o PSDB garantiu duas capitais já neste domingo: Álvaro Costa Dias foi reeleito em Natal e Cinthia Ribeiro confirmou a recondução em Palmas. Os tucanos ainda carimbaram o passaporte para o segundo turno na maior metrópole do país, com boas chances de vitória. É mais surpreendente, porém, o fortalecimento do DEM, que fez três prefeitos no primeiro turno: Gean Loureiro, em Florianópolis, Rafael Greca, em Curitiba, e Bruno Reis, em Salvador. Além de conquistar importantes resultados em municípios populosos, o partido ainda leva um favoritíssimo Eduardo Paes à disputa pelo segundo turno no Rio de Janeiro.
Pode ser o melhor desempenho da legenda desde o longínquo ano de 1988, quando o DEM ainda era PFL. O DEM ainda carece de um candidato com votos e capilaridade nacional. Mesmo assim, os caciques da sigla acreditam que as eleições municipais serão o primeiro passo para o partido de centro-direita se transformar num protagonista na sucessão presidencial de 2022. A sigla já comanda a Câmara e o Senado, conta com três governadores – Mato Grosso, Goiás e Tocantins –, 28 deputados federais e 5 senadores.
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Comentários (3)
ZURIEL
2020-11-16 14:33:01Parece que o grande numero da eleição, negligenciado pela mídia é que o PT perdeu 133 municipios (caiu de 257 para 124). Nenhuma capital. Quatro Estados da Federacao sem nenhum município.Em termos de população, o PT hoje governa 3,64% dos brasileiros. Conseguiu piorar o cenario pos-Dilma. O resultado de queda do PCdoB é ainda mais drástico: perdeu 51 municipios e governa apenas 31 (0,42% dos brasileiros). O PDT perdeu 133 municipios, ficando com 201. O PSOL, amado da mídia, só três municipios.
maria s.q.escoda
2020-11-16 10:10:29PSOL PCdB e PDT são puxadinhos do PT. Defenderam o CONDENADO QUE ONTEM PEDIU VOTO ÚTIL PRA SEUS POSTES BOULOS, MANOELA . TODOS ESTAVAM NO CAMINHÃO DO PRESIDIÁRIO NA " Missa da finada", Lembram? LAIA CÍNICA!
Jose
2020-11-16 09:00:14Bem, está claro agora que o país está se desintoxicando e se livrando do bozolulismo. Este é um bom primeiro passo. Entretanto, não podemos esperar muito. O mundo todo crescerá após a pandemia, mas o Brasil não. Qual a razão? Bozo na presidência. O povo brasileiro precisa tirar o Bozo o mais rápido possível!