Arthur Lira nunca esteve tão perdido
Em um prazo de apenas dois anos, seu capital político se esfacelou
O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (foto), do Republicanos de Alagoas, nunca esteve tão perdido.
Em um prazo de apenas dois anos, seu capital político se esfacelou.
Em fevereiro de 2023, o parlamentar alagoano foi reeleito presidente da Câmara dos Deputados com 464 votos, de um total de 513.
Políticos de 21 partidos, de petistas a bolsonaristas, apoiaram Lira.
Foi a maior votação absoluta de um candidato à presidência da Câmara, em cinquenta anos.
A razão daquela vitória acachapante era simples: Lira era o principal intermediador das emendas parlamentares — aquelas verbas do Orçamento que, em vez de serem direcionadas para políticas públicas, acabam indo para aliados dos deputados sem transparência e sem rastreabilidade.
Havia até uma justificativa teórica para esse tipo de barganha: o semipresidencialismo. “Podemos, sim, discutir o semipresidencialismo, que só valeria para as eleições de 2026, como qualquer outra ideia que diminua a instabilidade crônica que o Brasil vive há muito tempo”, dizia ele ainda em 2021, em seu primeiro mandato como presidente.
Na quinta, 26, Lira saiu defendendo que as emendas parlamentares estão garantidas.
O problema é que ninguém acredita nele.
Dino entra no jogo
Lira tem dito que as emendas parlamentares estão garantidas porque ele fez um acordo com o Executivo e com o Judiciário.
Mas ninguém hoje está seguro sobre isso.
Depois que o ministro do STF Flávio Dino suspendeu o pagamento de 4,2 bilhões de reais em emendas de comissão, os parlamentares começaram a duvidar sobre a capacidade de Lira em fazer suas articulações.
Lira disse que vai enviar ao STF nesta sexta, 26, uma carta pedindo para Dino reconsiderar alguns pontos de sua decisão.
Mas Dino é imprevisível e não tem voltado atrás em suas decisões.
Emendas de comissão, sem que a comissão saiba
O cerne da briga está no fato de que as emendas de comissões eram aprovadas sem que os integrantes desses grupos parlamentares fossem consultados.
Segundo Dino, havia "apadrinhamento", isto é, os líderes das comissões decidiam tudo, sozinhos, sem consultar os demais.
Dino pediu para que as comissões revelassem as atas das reuniões, o que seria uma maneira de provar que houve uma discussão no interior de cada comissão.
Mas Lira não prometeu nada, porque não tem o que mostrar.
Da porta de sua casa na quinta, 26, Lira afirmou: "O procedimento do encaminhamento da relação do apadrinhamento dos líderes do Senado obedeceu a um critério rigoroso de análise do Gabinete da Casa Civil, do Ministério da Fazenda, do Planejamento e da AGU".
O que Lira está tentando dizer é que houve apadrinhamento, mas com o consentimento e aprovação do Executivo.
Acredita quem quer.
Tudo tranquilo, só que não
Lira também disse que a Casa está tranquila, pois os ministros vão voltar do recesso natalino e explicar "os procedimentos, como foram feitos, como foram tratados".
A esperança de Lira é que os integrantes do Executivo voltem a Brasília para salvar sua barra.
Mas, no fundo, o que os ministros e Lula querem é que o Executivo volte a ter controle sobre o Orçamento.
Lira nunca esteve tão perdido.
Leia em Crusoé: Até onde quer ir Flávio Dino?
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Comentários (1)
MARCOS
2024-12-27 11:44:38SE COM UM PRESIEENTE JÁ SE ROUBA MUITO, IMAGINE COM O SEMIPRESIDENCIALISMO.