Aras tenta acessar dados da Lava Jato e procuradores pedem demissão
Uma manobra do gabinete do procurador-geral da República, Augusto Aras, para ter acesso a bancos de dados das forças-tarefas da Lava Jato resultou no pedido de demissão de todos procuradores do grupo de trabalho da operação na PGR. Desde o último mês, Aras tenta acessar os bancos de dados com informações sobre os processos da...
Uma manobra do gabinete do procurador-geral da República, Augusto Aras, para ter acesso a bancos de dados das forças-tarefas da Lava Jato resultou no pedido de demissão de todos procuradores do grupo de trabalho da operação na PGR.
Desde o último mês, Aras tenta acessar os bancos de dados com informações sobre os processos da Lava Jato obtidas por meio de buscas e apreensões, quebras de sigilo e demais diligências. Boa parte das informações é protegida por sigilo.
A gota d' água para o pedido de demissão coletivo foi uma manobra da subprocuradora Lindora Araújo, aliada de Aras, que chegou a ir até Curitiba para ter acesso ao material. Os procuradores coordenados por Deltan Dallagnol, sob a justificativa da necessidade de autorização judicial, negaram o acesso e enviaram um ofício à corregedoria do MPF sobre o ocorrido. O caso foi revelado pelo jornal O Globo.
Pediram demissão os procuradores Hebert Reis Mesquita, Luana Vargas de Macedo e Victor Riccely.
No pedido aos procuradores do Rio de Janeiro, em 13 de maio, por exemplo, Aras chega a citar alguns dados aos quais gostaria de ter acesso por meio da Secretaria de Perícia, Pesquisa e Análise do seu gabinete: "Eleitoral 2000-2017; RAIS 200-2017; AutosEPROC; Dados de Câmbio; Dados de Movimentação Internacional; RIFS;Dados Examinat; Dados Petrobrás; Base de Evidências - LinaLOAD; DIRF; PEP; Base de Evidências – Mídias de apreensões e quebras telemáticas; Base Consolidada de Informações – dados recebidos em colaboração ou fornecidos por outros órgãos; e dados de apreensão da empresa Mossak-Fonseca".
A reação dos procuradores se justifica porque os dados são sigilosos, provenientes de medidas judiciais como quebras de sigilo telefônico, fiscal e telemático. Para fornecer esse material, como explicaram os procuradores de Curitiba, seria necessário uma ordem judicial na qual Aras explicasse para quais fins utilizaria essas informações.
Nomeado fora da listas tríplice, sem ter sequer um voto dos procuradores, Aras tem sido alvo de críticas internas desde o início de sua gestão por ações classificadas como favoráveis ao presidente Jair Bolsonaro.
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