Amigo de Lula cotado para comandar PT sofre derrota amarga nas urnas
Edinho Silva não conseguiu fazer sucessora em Araraquara
O prefeito de Araraquara, Edinho Silva, é considerado por muitos petistas como o homem que pode dar um novo rumo ao Partido dos Trabalhadores, o PT.
Entre suas missões está a de reestabelecer uma ponte com os eleitores mais pobres e fazer conexões com partidos de centro, de direita e com o agronegócio.
Em um partido obediente e dominado pelo presidente, Edinho Silva já foi escolhido por Lula, seu amigo pessoal, para substituir Gleisi Hoffmann no comando da sigla.
"Desde a crise do partido, que remonta à Operação Lava Jato e ao impeachment de Dilma, Edinho Silva tem aparecido como uma voz mais jovem e menos radical, capaz de conduzir a sigla no futuro e promover uma renovação dos seus quadros", diz o cientista político Bruno Silva, pesquisador do LabPol, da Unesp em Araraquara.
Edinho ainda é próximo do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e considerado seu herdeiro político.
Com expectativas tão altas, a derrota do PT em Araraquara foi um dos dos maiores baldes de água fria da eleição deste domingo, 6.
Edinho não conseguiu eleger uma sucessora, Eliana Honain. Ela teve 45% dos votos contra 49% do médico cirurgião plástico Dr. Lapena, do PL, que foi apoiado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro.
A derrota do PT é ainda mais surpreendente porque, em julho do ano passado, o Ministério das Cidades fez um repasse de 143 milhões de reais para Araraquara. A aprovação se deu horas após ele Lula ter conversado com Edinho pelo telefone.
Queda de bastião petista
Silva tinha atraído as expectativas do PT porque foi reeleito em 2020 em Araraquara, uma cidade de médio porte cercada por outras com prefeitos de direita.
A cidade, assim, tornou-se um bastião petista no interior paulista bolsonarista.
Araraquara também era considerada como uma cidade que enfrentou bem a pandemia de Covid, tanto que Edinho escolheu sua secretária de saúde, Eliana Honain, para sucedê-lo.
"Eliana Honain esteve à frente das pesquisas durante toda a campanha. Mas um movimento aconteceu na última semana, quando membros do núcleo do bolsonarismo visitaram a cidade para apoiar Dr. Lapena", diz Bruno Silva. "Eles fizeram uma força-tarefa para mobilizar o eleitor da cidade e convencê-lo a votar."
Nikolas Ferreira, Eduardo Bolsonaro e Michelle Bolsonaro estiveram por lá.
"Eles mobilizaram as pessoas com um discurso de ódio ao PT, criando uma nova lógica na campanha", diz Bruno Silva.
De agora em diante, Edinho Silva ainda poderá exercer um papel importante na renovação do PT, mas sua força já não será a mesma. Ele já não é mais um símbolo de sucesso de uma resistência à direita ou ao bolsonarismo.
Leia em O Antagonista: A ligação de 143 milhões de reais de Lula para ajudar um prefeito amigo
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