Cascavel cita politização e diz que atuou para pacificar relação entre governo e Butantan
Apontado como "ministro de fato" da Saúde durante a gestão Eduardo Pazuello, o ex-assessor da pasta Airton Soligo, conhecido como Airton Cascavel, reconheceu nesta quinta-feira, 5, que houve uma "politização" da vacina contra o novo coronavírus e confirmou que atuou para pacificar a relação entre o governo federal o Instituto Butantan, responsável pela produção da Coronavac....
Apontado como "ministro de fato" da Saúde durante a gestão Eduardo Pazuello, o ex-assessor da pasta Airton Soligo, conhecido como Airton Cascavel, reconheceu nesta quinta-feira, 5, que houve uma "politização" da vacina contra o novo coronavírus e confirmou que atuou para pacificar a relação entre o governo federal o Instituto Butantan, responsável pela produção da Coronavac.
O empresário alegou que trabalhou na interlocução sobretudo antes do anúncio do primeiro protocolo de intenção de compra do imunizante, em 20 de outubro de 2020. À época, Pazuello informou que o governo federal iria adquirir 46 milhões de doses da Coronavac e esclareceu que as doses seriam distribuídas por meio do Programa Nacional de Imunizações, o PNI. Um dia depois, porém, o então ministro foi desautorizado pelo presidente Jair Bolsonaro, que ordenou o cancelamento do acerto.
"Havia um movimento nacional de todos os governadores para que se chegasse ao bom senso de inserir a compra do Butantan nisso. Não havia porquê não. Toda vacina era necessária", narrou à CPI da Covid. "E se pacificou. Naquele momento, se pacificou a relação. Ela voltou publicamente no país. Andou, ficou pactuada", emendou. Cascavel sinalizou que a conciliação findou após a interferência de Bolsonaro. "Até ali estava pacificado", disse aos senadores.
O empresário reclamou, reiteradas vezes, dos embates em torno da imunização. "O grande problema da vacina brasileira foi a politização. Se politizou essa questão, se politizou a questão do Butantan, se politiza". Indagado, então, de quem partiam as investidas, Cascavel limitou-se a declarar que "não pode afirmar".
Cascavel alegou ainda que teria comprado as vacinas desenvolvidas pela Pfizer e pela Janssen com antecedência se tivesse poder. "Não fui omisso, fiz minha parte. Quando falam da vacina, eu chego a dizer o seguinte: se eu tivesse poder de decisão que as pessoas muitas dizem, eu teria comprado, mesmo não podendo comprar como a lei dizia [na época], eu teria comprado a Pfizer, a Janssen, e estaria aqui hoje respondendo porque teria comprado", disse.
O governo assinou a intenção de aquisição desses imunizantes somente em março deste ano, após o Congresso avalizar projeto de lei que permite que a União, os estados, o Distrito Federal e os municípios assumam a responsabilidade por eventuais efeitos adversos de vacinas avalizadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Anvisa, como exigiam os laboratórios.
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Comentários (3)
PAULO
2021-08-05 17:28:52O depoimento do Cascavel serviu para constatarmos mais uma vez, o amadorismo e a incompetência que se instalou no Ministério da Saúde no enfrentamento da pandemia. Ele fala dos picaretas vendedores de vacina, porém ele fazia parte da equipe do ministério, que desdenhou da Pfizer e da Coronavac, mas abriu as portas para Precisa, cabo, reverendo e outros grupos de empresários. Se ele percebeu que eram picatetas, por que não agiu? Os irmãos Miranda pelo menos, levaram ao conhecimento do Bolsonaro.
Mário
2021-08-05 13:09:01Cascavel e Butantã, tudo a ver
Palhaço Bozo
2021-08-05 12:48:43O mais importante é salvar vidas. Melhor pecar por excesso de zelo na ajuda rápida aos necessitados do que criar barreiras e se tornar omisso e negligente meramente por questões pessoais eu puritanas. Vemos claramente que o "Brasil acima de tudo" não foi o caso claro do governo federal no trabalho/esforço pela compra das vacinas. O resultado está ai até para quem tem um mínimo de discernimento racional, mais de 540mil vidas ceifadas.