Adriano Machado/CrusoéBolsonaro continua negligenciando a gravidade da pandemia

‘Acabou a matéria no Jornal Nacional’, diz Bolsonaro sobre atraso de dados da Covid-19

05.06.20 20:51

O presidente Jair Bolsonaro (foto) ironizou nesta sexta-feira, 5, o atraso na divulgação dos dados sobre o novo coronavírus no país. Pelo terceiro dia seguido, as informações serão liberadas pelo Ministério da Saúde somente às 22 horas. “Acabou a matéria no Jornal Nacional”, disse em frente ao Palácio da Alvorada.

O chefe do Executivo avaliou ser “justa” a disponibilização do número de casos confirmados da doença e das mortes decorrentes da pandemia neste horário. Questionado se a ordem de adiamento partiu do Planalto, Bolsonaro não deu uma resposta conclusiva. “Não interessa de quem partiu”, disparou.

Os horários de divulgação dos boletins mudaram conforme o avanço da doença no Brasil. Ao início da pandemia, quando Luiz Henrique Mandetta comandava o ministério, as informações eram apresentadas às 17 horas e técnicos da pasta as comentavam.

Na administração de Nelson Teich, a publicização passou a ocorrer às 19 horas. Sob o comando de Eduardo Pazuello, o ministério começou a divulgar os dados até 19h30, após o fim de coletivas de imprensa.

Nos últimos dois dias, contudo, o órgão deu diferentes justificativas para o repasse dos boletins às 22 horas, após a exibição de telejornais. Coincidentemente, na quarta e na quinta-feira, o país registrou recordes diários de óbitos provocados pela Covid-19.

Nesta sexta, para justificar novo atraso, a pasta lembrou que as informações são disponibilizadas por secretarias municipais e estaduais de Saúde e declarou que “analisa e consolida os dados, sendo que, em alguns casos, há necessidade de checagem junto aos gestores locais”.

É para pegar o dado mais consolidado. E tem que divulgar os mortos no dia. Por exemplo, ontem, basicamente dois terços dos mortos eram de dias anteriores, mais variados possíveis. Tem que divulgar o do dia. O resto consolida lá para trás”, explicou Bolsonaro, ignorando o fato de que as informações são consolidadas da mesma maneira há meses e de que há milhares de óbitos em pendentes de análise por suspeita de coronavírus. “Parece que gosta de dizer que o Brasil é recordista em mortes”, emendou. 

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