A Segunda Turma ataca de novo: agora, quem comemora é Geddel
Com perfil garantista, a Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal voltou a isolar Edson Fachin e torpedear investigações. Desta vez, a maioria dos ministros do colegiado beneficiou o ex-ministro Geddel Vieira Lima (foto) e o irmão dele, o ex-deputado Lúcio Vieira Lima, implicados no caso do bunker de 51 milhões de reais. Por três votos...
Com perfil garantista, a Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal voltou a isolar Edson Fachin e torpedear investigações. Desta vez, a maioria dos ministros do colegiado beneficiou o ex-ministro Geddel Vieira Lima (foto) e o irmão dele, o ex-deputado Lúcio Vieira Lima, implicados no caso do bunker de 51 milhões de reais.
Por três votos a um, a Segunda Turma anulou a condenação dos irmãos Vieira Lima pela prática do crime de associação criminosa, reduzindo a pena dos dois em um ano e meio -- o colegiado, porém, manteve a sentença pela prática do crime de lavagem de dinheiro. Graças à decisão, Geddel cumprirá 13 anos e 4 meses de prisão, enquanto Lúcio Vieira Lima ficará atrás das grades por nove anos.
Os ministros avaliaram no plenário virtual um recurso em que a defesa pedia a absolvição completa. Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski e Kassio Marques acolheram os argumentos em parte, por entenderem que os vínculos familiares não são suficientes para comprovar a prática do crime de associação criminosa. Na outra ponta, Fachin, que votou para manter ambas as condenações, saiu derrotado.
A decisão é um demonstrativo de como a formação do colegiado influencia o futuro dos processos de investigados. Há dois anos, a própria Segunda Turma condenou Geddel e Lúcio pelos dois crimes. À época, o grupo contava com o trio linha dura formado por Fachin, Cármen Lúcia e Celso de Mello -- era comum que o entendimento dos três prevalecesse sobre os de Gilmar e Lewandowski.
Passado o tempo, porém, a Segunda Turma passou por uma reestruturação e passou a impor reveses aos investigados e não mais à Lava Jato. Celso de Mello se aposentou e Kassio Marques, indicado por Bolsonaro, herdou a cadeira. Cármen Lúcia, por sua vez, pediu para ser realocada na Primeira Turma e será substituída por outro indicado do clã Bolsonaro. Ou seja, Fachin deve mesmo permanecer como uma voz isolada.
A tendência é comprovada pelo histórico recente da Segunda Turma. Na última semana, o colegiado rejeitou uma denúncia da Procuradoria-Geral da República contra Ciro Nogueira, recém-empossado como ministro da Casa Civil do governo Jair Bolsonaro, e mais dois. O senador licenciado respondia por embaraço à investigação envolvendo a atuação de uma organização criminosa, assim como o deputado Eduardo da Fonte e o ex-deputado Márcio Henrique Junqueira Pereira. Os três, assim, se livraram da chance de passarem ao status de réus.
Além disso, neste mês, a Segunda Turma anulou todos os atos do juiz Marcelo Bretas, titular da 7ª Vara Criminal do Rio, na Operação E$quema S, um desdobramento da Lava Jato no Rio, sob o entendimento de que a competência para julgar o caso é da Justiça estadual fluminense. A investigação mirava um esquema de tráfico de influência, com a participação de Cristiano Zanin e Roberto Teixeira -- advogados de Lula -- e parentes de ministros do STJ e do TCU, entre os quais Eduardo Martins, filho do atual presidente do STJ, Humberto Martins.
Antes, em abril, a Segunda Turma arquivou uma denúncia pela prática do crime de organização criminosa apresentada pela PGR contra o chamado "Quadrilhão do PP". O termo refere-se à cúpula do Progressistas, formada, segundo o órgão, além de Arthur Lira, pelo deputado Aguinaldo Ribeiro, pelo ex-deputado Eduardo da Fonte e pelo senador Ciro Nogueira. Foi o colegiado, ainda, que reconheceu a suspeição de Sergio Moro no caso do tríplex do Guarujá, levando o processo de volta à estaca zero.
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Comentários (10)
Eliseu
2021-08-24 15:37:31Os melhores advogados dos bandidos de colarinho branco integram a Segunda Turma do STF. Com a provável chegada de mais um cupincha de Bolsonaro aquilo finalmente vai ter o título merecido de Casa da Luz Vermelha.
Antônio
2021-08-24 14:00:58Desse jeito, o Brasil não tem jeito.
MAURICIO
2021-08-24 12:47:31Geralmente se fala que bandido defende bandido e isso fica provado nesta segunda turma. Pobre país que depende desta turma para fazer justiça.
Silvino
2021-08-24 12:14:29É por isso que ficamos indignados com a atuação de certos ministros ( os quais nunca foram juizes em suas vidas jurídicas), diante de suas exdrúxulas decisões. O trio de ouro da impunidade (Lewan, Beiçola, e agora, o novato Kássio - Kopia e Kola) aproveitam da solidão em termos jurídicos de Fachin e vão referendando tudo conforme mostra o figurino da eterna impunidade. O questionamento da atuação errática desses personagens e que deveria focar qualquer atitude da sociedade civil organizada.
Otavio
2021-08-24 11:38:49Olha o nosso kassio aí dando uma mão para bandidagem. Para quem acha que pessoas vinculadas ao bolsonaro lutam contra a corrupção, fica mais uma prova do estelionato eleitoral de 2018. Depois bolsonaristas vem fritar que o STF tem que ser invadido. #forabolsonaro
KEDMA
2021-08-24 11:20:05A maioria da segunda turma no STF é uma vergonha nacional! A CF para eles não vale nada.
NeutronLento
2021-08-24 11:13:16O mérito da defesa do Lula não é o conhecimento das leis, mas o conhecimento das entranhas imundas do judiciário.
FERNANDO ANDRADE
2021-08-24 10:36:03Se aproveitam do momento pra concretizar o verdadeiro golpe contra a Nação. E depois correm pra pedir pela não ruptura. Esse país, infelizmente, se tornou um picadeiro, onde nos colocaram como palhaços.
Luiz
2021-08-24 10:04:12só Moro , em 2022, mas infelizmente o brasileiro não tem memória , e adota políticos de estimação ,com venda nos olhos e tampão nos ouvidos , só vê e ouve o que vem dos mesmos , a disputa está entre o que temos de ruim e o que temos de pior .
Lucia
2021-08-24 09:25:10É uma palhaçada esse pais!! Paga-se a maior carga tributária do planeta e o dinheiro vai pro bolso desses ladroes com o aval da justiça brasileira! Vergonhoso e abjeto!