A derrota histórica dos socialistas em Portugal
Partido Socialista quase ficou em terceiro lugar, e terá o mesmo número de deputados do Chega, de André Ventura

A eleição em Portugal no último domingo, 18, não irá alterar fundamentalmente o governo português, mas terá um impacto poderoso para os socialistas, que por pouco não ficaram em terceiro lugar.
Desde o retorno da democracia, em 1974, o Partido Socialista nunca ficou em terceiro.
"Hoje podemos declarar oficialmente, perante o país todo e com segurança, que acabou o bipartidarismo em Portugal", afirmou André Ventura (foto), líder do Chega, partido de direita populista.
Governo minoritário
O Partido Social-Democrata, PSD, de centro-direita e comandado por Luís Montenegro, provavelmente continuará comandando um governo frágil e sem maioria no Parlamento, adotando cada vez mais as propostas contra imigrantes ilegais do partido Chega.
O Partido Socialista, PS, comandado por Pedro Nuno Santos, ficou em segundo lugar, com 23,4%. Terá direito a 58 cadeiras no Parlamento.
O Chega!, de André Ventura, ficou logo atrás, em terceiro, com 22,6% dos votos. Terá também 58 cadeiras no Parlamento.
Bipartidarismo por um triz
Tradicionalmente, o governo de Portugal troca de mãos entre o PSD e o PS.
Desde que a democracia foi retomada no país, em 1974, o PS sempre esteve em primeiro ou segundo lugar.
Com o crescimento vertiginoso do Chega!, essa situação poderá mudar no futuro.
Ventura, ao interpretar os resultados, considerou que essa mudança já aconteceu.
Ele imagina que a contagem de votos de portugueses no exterior poderia colocar seu partido com mais votos que o PS, mas isso não está garantido.
"Deu-se algo que nunca aconteceu desde 25 de abril de 1974 [volta de democracia]. O Chega tornou-se nestas eleições, o segundo maior partido da nossa democracia", disse Ventura.
Ventura também disse que seu partido derrotou o PS, citando líderes históricos da sigla socialista: "O Chega superou o partido de Mário Soares. O Chega superou o partido de António Guterres".
Derrota histórica
O deputado socialista Sergio Sousa Pinto, do Parlamento Europeu, afirmou em entrevistas que este foi um "desastres de proporções históricas para o PS".
Após o anúncio dos resultados, o líder da sigla, Pedro Nuno Santos, renunciou.
Em 2005, o Partido Socialista, liderado por José Sócrates, teve 45% dos votos e obteve maioria absoluta no Parlamento, o que permitiu aos socialistas governarem sem precisar fazer coligações.
A partir daí, as porcentagens foram caindo: 36% em 2009 e 28% em 2015.
Em 2019, o PS voltou à liderança com António Costa, com 36% dos votos. Mas um escândalo de corrupção voltou a enfraquecer a sigla.
No ano passado, o total de votos foi de 28%. Agora, caiu para 23%.
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Comentários (1)
Adriana Farias Lucas
2025-05-19 12:20:14Muito provavelmente o Chega vai passar o número de deputados do PS e se tornar o segundo partido e o líder da oposição ao governo.