A decepção dos envolvidos com o Alto Comando do Exército
Troca de mensagens entre coronéis revela frustração com o ACE, órgão de assessoramento do general Freire Gomes
O relatório final da Polícia Federal sobre a suposta tentativa de golpe de Estado traz diálogos em que os militares narram sua decepção com os membros do Alto Comando do Exército, ACE.
O ACE é um órgão de assessoramento superior do comandante do Exército, no caso, o general Freire Gomes.
A entidad é formada por dezesseis generais de 4 estrelas.
Em outubro de 2022, alguns dos envolvidos no suposto conversaram nas redes de WhatsApp (foto).
Eles queriam que o ACE prendesse os ministros do Supremo Tribunal Federal, STF, e do Tribunal Supeior Eleitoral, TSE.
Queixa sobre Bolsonaro
No dia 16 de outubro, o coronel de infantaria Fabrício Moreira de Bastos, que atuava no Centro de Inteligência do Exército, mandou várias mensagens para o coronel Bernardo Romão Corrêa Neto, que assessorava o comandante militar do Sul:
“Velho, já passou da hora do Bolsonaro fazer alguma coisa.”
“Velho, o cara tem as FA (Forças Armadas) nãos mãos e por que permite tudo isso?”
“Velho, manda prender todo mundo do TSE e STF.”
Frustração
Como Corrêa Neto mostrou que não tinha esperanças de uma ação desse tipo, Bastos subiu o tom:
"Nós não iremos? Ele (Bolsonaro) não tem o ACE com ele?", perguntou Bastos.
"Não. Para isso, não", respondeu Corrêa Neto.
Videoconferências para discutir o assunto
Corrêa Neto então afirmou que foram feitas várias videoconferências para discutir o tema, mas que o general Freire Gomes, comandante do Exército, teria recusado qualquer interferência.
"Foram várias videoconferências com o ACE para falar sobre isso. Eles não entendem da mesma forma que nós, velho", afirmou Corrêa Neto.
"Ele não acredita que haja uma ruptura que justifique uma intervenção. Foda! E o ACE está alinhado", escreveu Corrêa Neto.
Em novembro, os dois continuaram conversando. Eles então trocaram fotos dos generais que não queriam aderir à iniciativa e falam que eles deveriam ser hostilizados.
O problema dessa ideia é que muitos dos generais não tinham a cara conhecida e não haveria como serem importunados em público.
No dia 23 de novembro, Fabrício Bastos falou do seu sentimento para com o general Freire Gomes.
"Cara, na boa e me desculpe, mas com os dados que tenho, o GFG foi a maior decepção que tive."
GFG era a sigla para o general Freire Gomes.
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