A cautela da Arábia Saudita
A Arábia Saudita e os demais países sunitas do Golfo reagiram com muita discrição durante a crise entre os Estados Unidos e o Irã — que envolveu a morte do general iraniano Qassem Soleimani e uma chuva de 22 mísseis iranianos contra bases iraquianas que hospedavam soldados americanos. Apesar da boa relação com o presidente...
A Arábia Saudita e os demais países sunitas do Golfo reagiram com muita discrição durante a crise entre os Estados Unidos e o Irã — que envolveu a morte do general iraniano Qassem Soleimani e uma chuva de 22 mísseis iranianos contra bases iraquianas que hospedavam soldados americanos.
Apesar da boa relação com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e de serem rivais do Irã, os representantes desse países pouco falaram nos últimos dias.
Depois da morte de Soleimani, o ministro de Defesa saudita, Khalid bin Salman, encontrou-se com Trump. Em um post no Twitter, Khalid apenas disse que os dois falaram sobre "cooperação bilateral, incluindo esforços para confrontar desafios regionais e internacionais".
A cautela tem seus motivos. "O ataque a Qassem Soleimani não estava combinado e mudou as regras do jogo", diz o cientista político brasileiro Hussein Kalout, pesquisador da Universidade Harvard. "A posição contida dos sunitas se deve principalmente por causa das incertezas."
A ansiedade agora é sobre como o Irã irá se comportar. Além de aumentar sua presença no Iraque por meio das milícias, a teocracia também pode retomar os ataques indiretos a países da região, como o lançamento de mísseis e drones contra uma refinaria da Arábia Saudita, em setembro.
"O Irã continuará trabalhando para que a presença americana no Oriente Médio seja considerada incômoda. A teocracia quer mostrar aos aliados dos americanos que os Estados Unidos não são capazes de prover segurança a eles", diz a americana Farideh Farhi, da Universidade do Havaí.
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Comentários (10)
GILMAR
2020-01-13 17:06:12Se Trump continuar sendo este vacilão, o mundo só tem a perder, o negócio é o seguinte, ao primeiro ataque, devolver outro cem vezes maior na casa dos aiatolás.
Cretino
2020-01-12 22:18:31O regime iraniano apenas cairá por dentro. Uma guerra externa incendiaria o Oriente Médio, afetando toda a economia mundial. Não é à toa que as sanções impostas pelos USA estão causando dissidências dentro do país, cujo governo reage como genocida. A Arábia Saudita está enfraquecida e os ataques contra a refinaria mostraram sua vulnerabilidade. Se os USA tivessem que agir com rigor contra o Irã, teria sido em setembro, após tais ataques. A política de Trump para a região é incerta.
Rafael
2020-01-12 18:12:21O Irã continuará a realizar ataques terroristas, não só contra alvos militares quanto contra civis, como fizeram derrubando o avião ucraniano. É só o que esses monstros sabem fazer. A Arábia Saudita, dentre outros, terão que abandonar a covardia e apoiar os EUA a agirem com força total contra o Irã. "Entre a desonra e a guerra, escolheram a desonra, e terão guerra."
André
2020-01-12 17:49:24Trump pode resolver o problema de miséria e infelicidade do povo iraniano; um drone p/ Ali Khamenei e outro p/ Hamadinejad e, se os 2 estiverem juntos, o problema se resolve c/ um só drone!
Uira
2020-01-12 14:41:00Cedo ou tarde, o Irã terá que fazer uma AUTO-ANÁLISE, por bem ou por mal, as incongruências e a precariedade são muitas, sobra insatisfação e falta recursos para “adular” a população, o modelo está falido. A única coisa que deve estar prevenindo este processo é o orgulho e a teimosia, pq do ponto de vista lógico, o quadro é de um autêntico castelo de cartas pronto para desmoronar.
Uira
2020-01-12 14:37:09Se o regime reprimir os manifestantes, ele só estará agindo para elevar a insatisfação geral. O Estado iraniano está falido, portanto ele tem baixo valor, pois gera mais dor de cabeça do que oferece de ganho de capital político. Se os aiatolás fossem espertos, preservariam o poder religioso e se livrariam da fonte de dor de cabeça: o Estado. Quantos anos mais o Líder Supremo viverá? Quando ele morrer, quem o sucederá? Às vezes a questão está só sendo adiada.
Uira
2020-01-12 14:33:28Quem realmente paga o custo econômico é o próprio Irã e o resto do mundo. Se o regime dos aiatolás tentou usar a morte de Soleimani para tentar reverter sua impopularidade, a queda do avião só agravou o que já era ruim. Tentar desviar a atenção do público iraniano com ações externas parece inócuo, pois parte da insatisfação deve ser decorrente exatamente do desvio de recursos do Estado que, ao invés de irem para a sociedade, vão bancar terrorismo e conflitos externos.
Uira
2020-01-12 14:29:03Além do mais, a OPEP tenta há anos afetar os preços do petróleo sem sucesso, talvez seja finalmente ajuda de pelos iranianos. Ou seja, qq danos que os iranianos possam causar só serão negativos se não houver compensação nos preços do petróleo. De qq forma, mesmo o mínimo de incerteza já é suficiente para manter o valor do barril em níveis inflados. Portanto, para a Arábia Saudita, o custo real das ações do Irã vem da subtração da receita extra pelos possíveis danos.
Uira
2020-01-12 14:16:55Fora o petróleo, qual a importância geopolítica do Oriente Médio? Se as regras de imigração forem endurecidas nas próximas décadas, o que é uma premissa razoável, já que para um país desenvolvido faz sentido atrair exatamente a mão de obra mais qualificada, então no longo prazo o Oriente Médio é uma autêntica panela de pressão, vão ficar sem sua principal fonte de receitas e ainda enfrentarão uma fuga de cérebros. Talvez eles até sintam saudade dos EUA quando este momento chegar.
Eduardo
2020-01-12 14:07:55O fato é que Trump tem permitido o