A "atmosfera de terror" sob a bandeira brasileira em Caracas
"A vigilância é sufocante. Estamos cercados por policiais fortemente armados, atiradores nos telhados, drones voando constantemente", escreve Omar González Moreno
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O venezuelano Omar González Moreno foi um dos seis dissidentes democráticos que se refugiaram na Embaixada da Argentina em Caracas em março do ano passado.
Desde agosto, o edifício está sob custódia do Brasil.
Nesta quinta, 27, Omar divulgou nas redes sociais um texto narrando a situação dentro da embaixada.
"A decisão do ditador Nicolás Maduro de transformar esta embaixada argentina em uma fortaleza inexpugnável sob a bandeira brasileira não é apenas um ato intolerável de repressão política, mas também uma tentativa de privar aqueles de nós que buscamos refúgio nesta sede diplomática de qualquer vestígio de nossa dignidade e direitos humanos básicos. Aqui, vivemos em condições subumanas: sem eletricidade, sem água, sem outros serviços básicos para qualquer ser humano", afirma o venezuelano.
"A vigilância é sufocante. Estamos cercados por policiais fortemente armados (foto), atiradores nos telhados, drones voando constantemente sobre as sedes diplomáticas e sistemas sofisticados de interferência telefônica e de internet; criando uma atmosfera de terror e controle absoluto. Eles até usam matilhas de cães das raças rottweiler e pastor alemão para nos intimidar ainda mais", afirma.
Indolência diplomática
Na mensagem, Moreno comenta a morte de Fernando Martínez Mottola, que pertencia ao grupo, nesta quarta, 26.
"Sem dúvida, mais uma vítima do regime implacável de Nicolás Maduro e seus cúmplices", escreve Moreno na mensagem.
"Por causa dessa cúmplice indolência diplomática, hoje nos dói profundamente dizer adeus ao nosso querido companheiro de armas, Fernando Martínez Mottola, que deixou este mundo. Sua vida, marcada pela coragem e resistência, foi ofuscada pelo esgotamento físico e mental que suportou durante nove meses neste campo de concentração em que foi transformada a embaixada argentina em Caracas."
Apelo à comunidade internacional
Ao final do texto, Moreno lança um apelo ao exterior.
"Por enquanto, nos encontramos no limbo, presos entre a busca pela liberdade e a brutalidade de um regime que ignora nossas vozes e o silêncio ensurdecedor dos diplomatas e das caras e às vezes inúteis organizações internacionais criadas justamente para evitar casos como esses", afirma. "Por isso, reiteramos nosso apelo à comunidade internacional para que não feche os olhos a esses crimes atrozes."
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