80 anos do Dia da Vitória e o retorno preocupante do antissemitismo
Enquanto o mundo celebra o fim da Segunda Guerra, cresce a ameaça antissemita e a relativização do Holocausto

Os 80 anos do Dia da Vitória, que marca o fim da Segunda Guerra Mundial na Europa, estão sendo celebrados, nesta semana, em diversas partes do mundo.
A data relembra a rendição da Alemanha nazista e a vitória dos Aliados, um marco histórico que trouxe paz ao continente europeu e encerrou um dos períodos mais sombrios da humanidade.
No Brasil, o Ministério da Defesa organizou uma cerimônia no Monumento Nacional aos Mortos da Segunda Guerra Mundial, no Rio de Janeiro.
O evento contou com a entrega da Medalha da Vitória a 213 agraciados, incluindo veteranos da Força Expedicionária Brasileira (FEB), instituições militares e estandartes da República Italiana.
Retorno do antissemitismo
Enquanto as celebrações reforçam a memória do sacrifício e da vitória sobre o nazismo, o mundo também testemunha um fenômeno preocupante: o retorno do antissemitismo. Relatos de ataques antissemitas se multiplicam em diversas regiões.
Na Alemanha, o número de incidentes desse tipo aumentou 83% em 2023, com metade dos casos ocorrendo após os ataques do Hamas contra Israel, em 7 de outubro daquele ano, que deixaram mais de 1.200 mortos e centenas de sequestrados.
No Brasil, o crescimento das denúncias de antissemitismo chegou a quase 1.000%, segundo a Confederação Israelita do Brasil (Conib) e a Federação Israelita do Estado de São Paulo (Fisesp).
Sobreviventes do Holocausto
Sobreviventes do Holocausto, reunidos em Auschwitz para lembrar a libertação do campo de extermínio, alertaram para o “grande aumento do antissemitismo” global.
Ronald Lauder, presidente do Conselho Judaico Mundial, associou explicitamente o massacre do Hamas ao “ódio ancestral aos judeus”, reforçando a necessidade de combater todas as formas de intolerância.
O contexto atual também revela uma disputa narrativa em torno do próprio Dia da Vitória. Na Rússia, a data é celebrada em 9 de maio com grande pompa, simbolizando o papel da União Soviética na derrota do nazismo.
Esforço mundial
No entanto, historiadores como Victor Davis Hanson e Andrew Roberts destacam que a vitória na Segunda Guerra Mundial foi resultado de um esforço multinacional, e não de uma conquista isolada da URSS.
Sob o governo de Vladimir Putin, o Dia da Vitória na Rússia tornou-se uma peça central de propaganda nacional, reforçando a imagem do país como herdeiro da resistência antifascista e minimizando o papel dos outros Aliados.
O ressurgimento do antissemitismo expõe uma contradição histórica. O mesmo ódio que levou ao Holocausto parece ganhar novo fôlego em um mundo onde discursos de negação, relativização e teorias da conspiração se disseminam com facilidade.
Em diversos países, ataques a judeus e sinagogas se tornaram mais frequentes, e tentativas de deslegitimar a memória do Holocausto são cada vez mais comuns.
Reflexão
A celebração do Dia da Vitória deveria ser um momento de reflexão sobre a necessidade de preservar os valores que sustentaram a luta contra o totalitarismo e o ódio.
No entanto, o avanço do antissemitismo demonstra que essas lições históricas estão em risco de serem esquecidas.
Líderes e instituições em todo o mundo têm reforçado a importância de proteger a memória do Holocausto e garantir que o compromisso com a liberdade e a dignidade humana seja mantido.
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