Miranda diz que Bolsonaro afirmou que caso Covaxin era 'coisa' de um deputado; senadores veem omissão
Em depoimento à CPI da Covid, o deputado federal Luis Miranda, do DEM do DF, relatou que, ao denunciar indícios de irregularidades na compra da Covaxin a Jair Bolsonaro (foto), o presidente da República, de pronto, afirmou que o caso era "coisa" de um parlamentar. O congressista, porém, disse não se recordar do nome mencionado...
Em depoimento à CPI da Covid, o deputado federal Luis Miranda, do DEM do DF, relatou que, ao denunciar indícios de irregularidades na compra da Covaxin a Jair Bolsonaro (foto), o presidente da República, de pronto, afirmou que o caso era "coisa" de um parlamentar. O congressista, porém, disse não se recordar do nome mencionado pelo chefe do Planalto.
A conversa, de acordo com Miranda, aconteceu em 20 de março, no Palácio da Alvorada. “Ele [Bolsonaro] nos recebeu num sábado, porque eu aleguei que a urgência era urgente, urgentíssima, devido à gravidade das informações trazidas pelo meu irmão para a minha pessoa. O presidente entendeu a gravidade. Olhando os meus olhos, ele falou: 'Isso é grave!”'. Não me recordo do nome do parlamentar, mas ele até citou um nome pra mim, dizendo: 'Isso é coisa de fulano'”, narrou.
Miranda declarou que o nome citado por Bolsonaro integra a base do governo no Congresso. Diante do relato, senadores apontaram prática de omissão por Bolsonaro. "Se o presidente citou o nome de um deputado, o certo era ter expulso da base e denunciado esse deputado. Porque ele tem mania de ir para live e acusar todos nós de sermos ladrões sem ter prova nenhuma. Ele joga ao vento o nome das pessoas sem se aprofundar. Aliás, não se aprofunda em absolutamente nada. Por isso que fala no cercadinho. E quando é questionado ofende e se for mulher ofende muito mais", disparou o presidente da CPI, Omar Aziz.
Os parlamentares pediram por diversas vezes que Miranda tentasse se lembrar do nome do colega citado por Bolsonaro. "O senhor quer tomar uma água, um café para lembrar? Senão, tem algum remédio para memória?", brincou Aziz. O presidente da comissão perguntou, então, se o congressista constava de um dossiê entregue por Miranda a Onyx Lorenzoni no início da atual gestão. O deputado federal, contudo, não deu mais pistas.
"São 513 deputados. É complicado lembrar o nome de todos", comentou. "Eu não lembro exatamente o nome das pessoas. Mas tenho a cópia do dossiê e entrego". Momentos depois, Miranda afirmou aos parlamentares que o documento referia-se ao governo anterior e, questionado por Randolfe Rodrigues, lembrou que o ministro da Saúde, à época, era Ricardo Barros, atual líder do governo na Câmara.
Como mostrou Crusoé, uma emenda apresentada por Barros abriu caminho para a autorização pela Anvisa da importação de imunizantes aprovados pela agência sanitária da Índia. A mudança na medida provisória favoreceu as negociações com o laboratório Bharat Biotech para a aquisição de 20 milhões de doses da vacina indiana Covaxin.
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Comentários (2)
Waldir
2021-06-27 20:14:53Com o atual sistema político brasileiro, não há Presidente, Governador ou Prefeito que consiga não ceder às extorsões e chantagens de seus legislativos. São reféns.
Humberto
2021-06-26 15:13:16Bolsonaro nunca foi político honesto, pior ele está querendo copiar tudo que o PT fez, só que aparando as arestas do judiciário para proteger seus filhos , colocou o Flávio Mansão para coordenar junto com o centrão e o judiciário todo os roubos dentro do governo ; só não vê quem é desta seita Gadolandia, ou da jovem pan $$$$$$$.