A inédita aproximação entre universidades de Israel e da Arábia Saudita
Pela primeira vez, um pesquisador da Arábia Saudita publicou um artigo em um jornal científico de Israel — um feito histórico no Oriente Médio. O estudo de autoria de Mohammed Ibrahim Alghbban, diretor de estudos hebraicos na Universidade Rei Saud (foto), em Riad, saiu na última edição da revista Kesher, da Universidade Tel Aviv. "Certamente o...
Pela primeira vez, um pesquisador da Arábia Saudita publicou um artigo em um jornal científico de Israel — um feito histórico no Oriente Médio. O estudo de autoria de Mohammed Ibrahim Alghbban, diretor de estudos hebraicos na Universidade Rei Saud (foto), em Riad, saiu na última edição da revista Kesher, da Universidade Tel Aviv.
"Certamente o professor saudita teve autorização do regime para publicar o artigo. Seria impossível publicar isso sem um consentimento oficial", diz o historiador militar israelense Shaul Shay, que já foi do Conselho de Segurança Nacional de Israel. "Trata-se de algo totalmente raro e de enorme importância. Se isso tivesse acontecido há uma década, o professor provavelmente estaria arriscando a carreira ou a vida."
O artigo de Alghbban saiu em hebraico e leva um título longo: Contribuição para a melhoria da imagem do profeta Maomé aos olhos do público israelense: alianças e trocas de correspondência de Maomé com judeus da península arábica. O texto afirma que Maomé manteve boas relações com os judeus e que só se desentendeu com eles por questões religiosas, não políticas. “Acusar o Islã e o profeta Maomé de discursos de ódio e racismo contra tribos judaicas em Hejaz é equivocado. Maomé tratou igualmente todos os grupos sociais em Medina e em outros lugares sob seu controle, independentemente de raça e religião. As deturpações na pesquisa até agora se devem ao fato de suas cartas nunca terem sido traduzidas para o hebraico”, escreveu Alghbban.
O ineditismo acadêmico é o reflexo de uma mudança dramática na atitude de países árabes em relação a Israel. "Os governantes dessas nações ficaram preocupados com o poder dos jovens após a Primavera Árabe, com as guerras civis em países como Síria, Iêmen e Líbia, com o Estado Islâmico e, principalmente, com a expansão da influência do Irã, do ramo xiita do islamismo", diz Shay. "Ao olhar ao redor, os árabes sunitas entenderam que a principal ameaça a existência deles não era Israel, e sim o Irã."
Arábia Saudita e Israel não mantêm relações diplomáticas. Soldados sauditas participaram das guerras de 1948 e 1973, contra Israel. O reino historicamente se colocou do lado dos palestinos nas disputas com o governo israelense. Este ano, os sauditas apoiaram o plano de paz proposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que não seguiu adiante por oposição dos palestinos.
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