Câmara dos DeputadosPinato recebeu um pedido de Graciela Nienov para intermediar encontro com Moraes

A negociação de 57 mil testes de Covid no apartamento do deputado Fausto Pinato

13.07.20 11:25

“Eles se conheceram na recepção”, admitiu a Crusoé o deputado federal Fausto Pinato (foto), do Progressista, sobre o encontro entre um lobista chinês e um empresário de Fortaleza para a negociação de 57 mil testes de coronavírus. O negócio acabou sendo selado no flat do parlamentar situado no bairro do Jardim Paulista, em São Paulo.

O encontro veio à tona durante o depoimento do empresário cearense José Carlos Linhares à Polícia Civil paulista. O deputado não é alvo da investigação, mas a menção expõe bastidores de sua atividade parlamentar que se cruzam com negócios em meio à pandemia.

Linhares prestou depoimento às autoridades na investigação sobre o roubo de carga de 15 mil testes de coronavírus do aeroporto de Guarulhos. Como mostrou Crusoé, seu testemunho pode abrir uma nova linha de investigação no caso do executivo chinês Marcos Zheng, que foi preso sob suspeita de ser receptor da suposta carga roubada.

O empresário dá outra versão para a história que culminou com a prisão de Zheng: ele teria importado o produto, vendido à empresa Veigamed – investigada por fraudes na compra de ventiladores em Santa Catarina -, que, por sua vez, teria negociado os testes com Zheng, em abril. Dois dias depois, ele foi preso pela Polícia com os 15 mil testes.

O deputado aparece na história em um capítulo anterior à venda dos testes de coronavírus no Brasil, quando Linhares buscava lucrar com o produto em meio à pandemia, e procurava um importador. Em seu depoimento, ele revelou ter sido apresentado ao chinês Michel Sam, no dia 24 de março, na “residência do deputado Fausto Pinato, na rua Batataes, em São Paulo”.

“Como o Brasil já vivia uma pandemia da Covid-19, já sabia de possíveis compradores de referidos testes, entre os quais as empresas Veigamed e Ello; Assim, naquele dia, passaram a negociar o valor para a compra, sendo que acordaram que o valor dos testes seria de nove dólares”, narra, em depoimento, Linhares. Ele teria voltado a se encontrar mais uma vez com Sam, no apartamento de Pinato, para cobrar a encomenda.

O deputado atribui os encontros em seu flat ao fato de ser presidente da bancada Brasil-China. Ele diz que, nos dias em que passava em São Paulo, ficava no imóvel do Jardim Paulista, onde recebia amigos e “pessoal da colônia chinesa”.

“Às vezes eu atendia um, depois outro. Mas foi aleatório. Como eu represento a bancada Brasil e China, eu atendo todo mundo. Isso é igual a tirar uma foto com o cara”, diz.

Segundo Pinato, Linhares foi a seu apartamento para falar inicialmente sobre outro assunto. Só depois resolveu abordar a questão da compra dos testes para Covid-19. “Ele queria falar sobre a montagem de uma Câmara de Comércio no Paraguai. Aí ele perguntou: Fausto, o chinês disse que tem teste, você conhece? Eu falei: não conheço, nunca fiz negócio com ele. Aí, eu liguei para outra pessoa e falaram o cara é bom. Eles se conheceram lá, mas eu não fiz tratativa”, relata.

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