Weintraub pode reviver 'trauma' deixado por ex-diretor de Lula no FMI, avaliam diplomatas
A indicação de Abraham Weintraub para ser o diretor-executivo do Brasil no Banco Mundial, em um grupo com outros oito países da América Latina, surpreendeu e envergonhou até diplomatas pessimistas com relação ao governo de Jair Bolsonaro. Mesmo os que costumam defender o governo com certa frequência não veem com bons olhos a indicação. Ouvidos...
A indicação de Abraham Weintraub para ser o diretor-executivo do Brasil no Banco Mundial, em um grupo com outros oito países da América Latina, surpreendeu e envergonhou até diplomatas pessimistas com relação ao governo de Jair Bolsonaro. Mesmo os que costumam defender o governo com certa frequência não veem com bons olhos a indicação.
Ouvidos por Crusoé, funcionários do governo no exterior relembram o que chamam de "trauma" deixado por Paulo Nogueira Batista, que foi diretor-executivo do grupo brasileiro no FMI durante o governo Lula. Na opinião deles, o trauma pode ser revivido com o agora ex-ministro.
O "desastre" ao qual fontes se referiram foi o conflito iniciado por Batista com a Colômbia em 2010. O diretor travou uma guerra com Bogotá ao demitir a sua vice, indicada pelos colombianos, que levou o país vizinho a abandonar o grupo brasileiro no FMI. Com a saída, o Brasil perdeu poder de voto no conselho de diretores executivos do banco, já que a Colômbia decidiu ir para o grupo da Espanha, de onde nunca mais voltou.
Abraham Weintraub disse, ao aceitar o convite, que já foi "diretor de banco" e que, por isso, está qualificado para o trabalho no Banco Mundial. De acordo com o currículo do ex-ministro, ele foi funcionário do Banco Votorantim durante 18 anos e chegou à diretoria da corretora de investimentos da instituição, onde permaneceu por oito anos.
Duas fontes diplomáticas ouvidas por Crusoé avaliam que a experiência não é suficiente, já que o Banco Mundial não é uma instituição como qualquer outra e exige muita capacidade de negociação diplomática. Eles lembram que, com certa frequência, as posições do Brasil na instituição precisam ser coordenadas com as da China, governo desafeto de Weintraub na arena internacional.
Além disso, os diplomatas ressaltam que temas incômodos ao bolsonarismo têm forte presença na agenda do Banco Mundial, em áreas como mudanças climáticas e igualdade de gênero.
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