Petrobras quer ter mais diretores de fora: a estatal está, de novo, no varejo político?
Em tempos de portas abertas para partidos do Centrão no governo, uma proposta levada recentemente ao Conselho de Administração da Petrobras tem causado polêmica internamente: a companhia decidiu flexibilizar a norma interna que limita a presença de pessoas de fora de seus quadros em postos de comando, como diretorias e gerências. Há, em alguns setores...
Em tempos de portas abertas para partidos do Centrão no governo, uma proposta levada recentemente ao Conselho de Administração da Petrobras tem causado polêmica internamente: a companhia decidiu flexibilizar a norma interna que limita a presença de pessoas de fora de seus quadros em postos de comando, como diretorias e gerências.
Há, em alguns setores da estatal, o temor de que a medida sirva para facilitar a nomeação de apadrinhados políticos para posições que hoje são ocupadas por funcionários de carreira.
A proposta do atual comando da Petrobras foi aprovada pelo conselho na semana passada. No início do atual governo, 20% dos postos de direção e gerência podiam ser ocupados por funcionários contratados no mercado. Pouco depois de o atual presidente, Roberto Castello Branco, tomar posse, esse percentual foi ampliado para 30%. Agora, aumentou mais um pouco, para 40%.
Ao todo, 51 postos de direção da Petrobras estão sujeitos à regra. Isso significa que, hoje, até 15 deles podem ser ocupados por profissionais contratados fora. Com a mudança, esse número poderá chegar a 20.
Dois integrantes do conselho falaram reservadamente com Crusoé. Na reunião da semana passada, quando foi apresentada, a proposta gerou controvérsia. Três conselheiros votaram contra.
Entre os argumentos apresentados pela atual direção em favor da mudança do teto para 40% está a necessidade de buscar na iniciativa privada profissionais mais qualificados para as funções.
Por outro lado, quem se opôs à proposta sustenta que a alteração pode abrir caminho para interferências externas e até permitir que eventuais indicações políticas ampliem o risco de escândalos como os descobertos pela Operação Lava Jato nas investigações do petrolão.
Quanto ao risco de corrupção, os defensores da mudança dizem que vários dos diretores e gerentes pilhados no esquema eram funcionários de carreira. É o caso, por exemplo, de Paulo Roberto Costa, Jorge Zelada, Pedro Barusco e Renato Duque.
Em nota enviada a Crusoé na noite desta segunda-feira, a Petrobras afirma que a mudança vai “agregar competências” à companhia.
Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.
Comentários (0)