Bastidores: Bebianno e o 'medo'
Gustavo Bebianno tinha medo de morrer. Não falava tudo porque tinha medo. E repetia, em conversas reservadas, que respeitava um certo limite nos disparos que fazia contra Jair Bolsonaro, os filhos do presidente e o governo. Era justamente o medo que o levava a se impor o tal limite. Ele tinha menos medo da família...
Gustavo Bebianno tinha medo de morrer. Não falava tudo porque tinha medo. E repetia, em conversas reservadas, que respeitava um certo limite nos disparos que fazia contra Jair Bolsonaro, os filhos do presidente e o governo. Era justamente o medo que o levava a se impor o tal limite. Ele tinha menos medo da família Bolsonaro e mais do entourage que cerca seu antigo chefe. Ameaçado desde que rompeu com o bolsonarismo que ajudou a construir, Bebianno via perigo em aliados próximos do presidente, que, afirmava, poderiam fazer algo contra ele por voluntarismo, “para mostrar serviço”. “Eles são perigosos. Eles matam”, dizia.
O ex-ministro não escondia sua condição de arquivo vivo. Não negava, nem publicamente, como deixou claro na entrevista que deu ao Roda Viva há duas semanas, que guardava com cuidado um vasto acervo de mensagens trocadas com o próprio Jair Bolsonaro e com as cabeças da vitoriosa campanha de 2018 e, depois, com os escolhidos para integrar a primeira formação do governo. Bebianno elegeu algumas pessoas de seu convívio para compartilhar seus segredos mais recônditos. E, para se proteger, repetia que esses segredos não seguiriam guardados se algo estranho acontecesse a ele.
Ultimamente, o ex-ministro vinha se cercando de cuidados especiais quando precisava ter conversas sobre assuntos mais sensíveis. Para tratar dos temas que lhe causavam medo, evitava lugares públicos, como cafés e restaurantes. Por vezes, preferia espaços abertos, à prova de ouvidos curiosos. As primeiras informações indicam que o ex-ministro morreu de infarto. Mas, por óbvio, entre seus familiares e amigos mais próximos, assim como no vasto universo das redes sociais, onde vicejam teorias de toda espécie, não faltam e não faltarão suspeitas sobre as circunstâncias da morte.
Desconfianças à parte, Bebianno conhecia como poucos o processo de construção do Jair Bolsonaro que chegou à Presidência da República. Dizia que o animus popular que o elegeu segue vivo e candente, e que, se não surgir uma opção capaz de interpretar o sentimento anti-establishment da população, especialmente da parcela pouco afeita às mesuras do poder, Bolsonaro ganhará as próximas eleições presidenciais “por WO”. Como quem participou ativamente do projeto, o ex-ministro entendia que o presidente, com todas as suas limitações, soube captar esse sentimento e transformá-lo em um ativo político muito bem administrado até agora, graças a seu modo sui generis de governar. Se é verdade que há muita gente que votou nele descontente, também é verdade que esses eleitores ainda não veem claramente uma alternativa que lhes agrade, repisava.
Nesta semana, Bebianno esteve em Brasília. Conversou com políticos sobre os rumos do governo e fez cálculos sobre seu projeto de candidatar-se a prefeito do Rio. Em um dos encontros, compartilhou suas impressões acerca da força de Bolsonaro. Com um deputado tucano da nova geração, desenvolveu a leitura de que o presidente não tem, até o presente momento, adversários capazes de ameaçá-lo em 2022. Voltou ao Rio com a certeza de que tinha na cabeça um quadro cristalino da cena nacional, cuja compreensão, a seu ver, é necessária a qualquer um que queira disputar eleições, seja neste ano, seja daqui a dois, com chances de vitória. Na visão do homem que ajudou a eleger Bolsonaro, é preciso compreender que hoje existem dois Brasis: o da elite que só fala para si mesma e se assombra com os arroubos do presidente e um outro, o que decide eleição, que se vê em Jair Bolsonaro e se regozija quando o assiste, por exemplo, dando bananas para jornalistas à porta do palácio.
Bebianno se preparava para usar em benefício próprio, como candidato, as armas que conhecera nos tempos em que esteve perto de Bolsonaro. Mas havia um empecilho à sua frente, com o qual ele estava aprendendo a lidar. Era o medo, que ainda o assombrava enormemente.
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Comentários (10)
Abrahao
2020-03-15 17:18:49Eita comentariozinho safado. Bem no estilo comuno-petista. Vcs não enganam ninguém. Palermas.
Francisca
2020-03-15 17:17:40Agora é só aguardar. Como Bebiano disse que compartilhou informações sigilosas com alguns familiares e que viriam à público se algo de estranho acontecesse com ele. Esperemos então !!! Simples assim.
Elson
2020-03-15 16:20:55Se há medo, é o de que voltemos ao Brasil de Sarney, FH, Lula, Dilma, Temer, todos co responsáveis por um país governado sempre em favor dos donos do poder e ao largo da nação e de quem a sustenta. Se há medo, é de uma imprensa que implanta, subliminarmente ou não, suspeitas malandras no coração das pessoas, de teorias da conspiração. Se há medo, é de nunca chegar a sermos uma nação de fato, onde matérias bobas como essa não tenham lugar na imprensa séria.
Evelyn Arabi
2020-03-15 15:54:33Vcs me lembram o jornalismo que tanto condenaram ...... ,Realmente não existe jornalismo isento ! Me parece que na ausência de um Lula pra malhar e dar notícias , cria- se , a todo custo , um substituto . Da mais ibope criar polêmicas .... mesmo que elas sejam um desfavor ao Brasil . Acho que vcs estão com saudades do PT e do “Maravilhoso “ Lula . ‘Ha tempo de falar e tempo de calar ‘ . Se vcs se importam com o destino do país analisem o tempo que vivemos e o que vai edificar ou não .
LEIA
2020-03-15 15:34:34Não acredito nesse tipo de reportagem vida da Crusoé!!!? Já não basta os ataques da imprensa de veículos que sabemos tendenciosos?? O país na maior confusão e esse tipo de especulação de coisa fantasiosa não ajuda em nada. Só desinforma. Decepcionada com a Crusoé! Bastou Felipe Moura voltar a atuar mais na revista que começaram essas matérias estranhas. Muita decepção.
Jonas
2020-03-15 14:07:58Mainardi, Sabino, não tomem o caminho de Reinaldo. Cancelarei minha assinatura combo com O Antagonista.
MARCELO
2020-03-15 12:36:29continuem investigando.
Pedro Ubiratan- Bira
2020-03-15 12:05:50Não existem dois brasis, a bolha do establishment alienada e estupefata ao descobrir-se à parte do autêntico e profundo Brasil.
Marcos
2020-03-15 11:55:58?????????????
Leandro
2020-03-15 11:41:21Francamente! Isso é matéria que se apresente? Sério? Esse tipo de lixo midiático, fantasiado de reportagem, eu posso encontrar a toda hora em O Globo, na Foice, no UOL, na Época...