Nova fase da Lava Jato é baseada em delação de Paulo Roberto Costa
A Operaçao Óbolo, nova fase da Lava Jato realizada nesta quarta-feira, 18, é baseada na colaboração premiada do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, e tem como uma das principais provas informações recolhidas do celular de João Cláudio Genu, ex-tesoureiro do PP. São investigados crimes em contratos das empresas Maersk, Tide Maritime e Ferchem,...

A Operaçao Óbolo, nova fase da Lava Jato realizada nesta quarta-feira, 18, é baseada na colaboração premiada do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, e tem como uma das principais provas informações recolhidas do celular de João Cláudio Genu, ex-tesoureiro do PP. São investigados crimes em contratos das empresas Maersk, Tide Maritime e Ferchem, com valores totais que superam 5 bilhões de reais, segundo o Ministério Público no Paraná.
A nova fase da Lava Jato vai aprofundar as investigações de corrupção em contratos de afretamento de navios pela Petrobras, vinculados à Gerência Executiva de Logística da Diretoria de Abastecimento. Nas negociações, costumam participar armadores responsáveis pelas embarcações e os shipbrokers, empresas que atuam como corretores.
As buscas pretendem apurar se houve repasse de informações privilegiadas que concederam vantagens competitivas a algumas empresas, em troca de propina a funcionários da Petrobras. São alvo de investigações contratos feitos com o armador Maersk e intermediados pelos shipbrokers Tide Maritime e Ferchem.
Entre 2002 e 2012, a Maersk e suas subsidiárias fecharam 69 contratos de afretamento com a Petrobras, no valor aproximado de 968 milhões de reais. A Tide Maritime participou de 87 contratos entre 2005 e 2018, no valor
de 2,8 bilhões de reais. A Ferchem intermediou ao menos 114 negociações envolvendo 2,7 bilhões de reais de 2005 a 2015.
A Lava Jato reuniu evidências de que foram pagas propinas a Paulo Roberto Costa em pelo menos 15 contratos de afretamento marítimo vigentes entre 2006 e 2014, no valor total de 658 milhões de reais. De acordo com os investigadores, as informações privilegiadas eram passadas para a Maersk por Wanderley Gandra, que tinha uma empresa de shipbroker, a Gandra Brokerage, apesar de não ter experiência no setor. A empresa teria sido criada para o repasse de suborno a Costa. Nas operações examinadas, a Maersk teve de contratar um shipbroker com capacidade efetiva, a Maersk Brasil, para concluir os trabalhos de afretamento, dobrando o custo da operação.
Há uma estimativa inicial do pagamento de subornos de ao menos 3,4 milhões de dólares por 11 contratos da Maersk com valores de 592 milhões de reais, conforme informações de uma planilha apreendida com Paulo Roberto Costa no início da Lava Jato. Os dados indicam que o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras teve o apoio de Eduardo Autran, então gerente executivo de Logística da empresa, que firmou contratos com a Maersk em situações apontadas como irregulares em apuração interna da estatal.
Também foram examinados os contratos fechados com a intermediação dos shipbrokers Tide Maritme e Ferchem com vigência para além de 2020, em valores superiores a 100 milhões de dólares. As empresas e seus representantes, além de ex-funcionários da Petrobras, são alvo nas diligências de hoje.
O celular apreendido com João Cláudio Genu é uma das provas que embasa a investigação. O aparelho foi recolhido na operação Politeia. O ex-tesoureiro do Partido Progressista já foi condenado no mensalão e na Lava Jato por corrupção. No celular, foram descobertos diálogos que apontam que Genu atuava na Petrobras e direcionava contratos de afretamentos para os armadores representados pela Tide Maritime e pela Ferchem.
Uma conversa extraída do aparelho entre Genu e Gustavo de Sá, da Tide Maritime, trata da reestruturação da diretoria de Abastecimento da Petrobras após a saída de Paulo Roberto Costa. No diálogo, Genu relatou ao empresário da Tide Maritime que poderia ficar tranquilo, pois ele e “Niterói” ficariam bem. O codinome “Niterói”, segundo os investigadores, é de Pedro Blyth, da Ferchem.
Foram colhidos ainda indícios de que Dalmo Monteiro, então gerente de Afretamentos da Petrobras, atuava em benefício da Ferchem, recomendando a armadores que contratassem a empresa de Pedro e Rodolfo Blyth como shipbroker. Monteiro já é réu na operação Lava Jato, por ter lavagem de dinheiro de suborno pago por Konstantinos Kotronakis, também na contratação de navios pela estatal.
Esta não é a primeira investigação relacionada a esquemas de corrupção em contratação de navios pela Petrobras. Em 16 de julho de 2019, o Ministério Público Federal denunciou na 13º Vara Criminal de Curitiba, por corrupção e lavagem de ativos, os armadores gregos Athenian Sea Carriers, Tsakos Energy Navigation, Dorian (Hellas) e Aegean Shipping Management. As acusações estão ligadas a contratos previstos para vigorar entre 2006 e 2028, com pagamentos já identificados de 17,6 milhões de dólares em propinas e comissões ilícitas.
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Comentários (4)
Antonio
2019-12-18 22:52:14Serial Killer Genu! Quantos essa ex-excelência já matou. Sim, falta de recursos de saúde mata, e o que ele roubou e ajudou a roubar..,,.
Gilberto
2019-12-18 13:17:23Este advogado dos “diabos” tá com medo porque tem o rabo preso, quem quebrou as empresas foi a Petralhada.
Geraldo
2019-12-18 11:45:56Suborno de 3,4 milhões? Pagos por empresa que sequer é nacional? E aí vem o bundão do Toffoli dizendo que a punição à corrupção prejudica nossas empresas? Lava Toga já!!! Não aguentamos mais tanta ironia!!!
Luiz
2019-12-18 10:41:34Está aí mais um "trabalhinho" para o Gilmar.