Ex-presidente do TJ-BA: pedido de ajuda a autoridades em favor de investigado
Presa nesta sexta-feira, 29, em mais uma fase da Operação Faroeste, a ex-presidente do Tribunal de Justiça da Bahia Maria do Socorro Barreto Santiago tinha em sua residência anotações que sugerem que ela teria tentado pedir ajuda ao governador do estado, o petista Rui Costa, e também interferir em um processo judicial em Brasília, tudo...
Presa nesta sexta-feira, 29, em mais uma fase da Operação Faroeste, a ex-presidente do Tribunal de Justiça da Bahia Maria do Socorro Barreto Santiago tinha em sua residência anotações que sugerem que ela teria tentado pedir ajuda ao governador do estado, o petista Rui Costa, e também interferir em um processo judicial em Brasília, tudo em benefício ao falso cônsul da Guiné-Bissau, Adailton Maturino, um dos principais envolvidos no esquema de compra de sentenças no tribunal baiano e também preso pela Polícia Federal.
Em uma das anotações encontradas pela PF na residência da desembargadora durante a primeira fase da operação, em 19 de novembro, constava a seguinte anotação: "Pedir ao governador nos atender (sic) para que ele fale com o Julio Ribas da Embrapa Vancy do Aeroporto para atender o pessoal da Addy Taxi Aéreo". Os agentes foram ao aeroporto de Salvador três dias depois e constataram que no hangar da empresa de táxi aéreo havia uma aeronave com a bandeira da Guiné-Bissau e a descrição "Embaixada da Guiné-Bissau" em sua porta. Os investigadores já suspeitavam que Maturino, que se apresentava falsamente como cônsul do país, despachava do aeroporto da capital baiana.
Em outra anotação, também manuscrita, havia um número de um processo na Justiça Federal em Brasília e a seguinte frase "julgar favorável Addey Táxi Aéreo LTDA". Os investigadores, então, descobriram que o processo na Justiça Federal teve uma decisão desfavorável para a companhia e estava em fase de recurso no Tribunal Regional Federal da 1ª Região, com o desembargador Daniel Paes Ribeiro, que é da mesma cidade no Piauí onde o falso cônsul começou a aplicar seus golpes.
Diante do conteúdo das mensagens e o cruzamento das informações, a Procuradoria-Geral da República apontou no pedido de prisão da magistrada: "Deduz-se que a desembargadora estaria pedindo favores ao governador e ao juiz federal em benefício do investigado".
Além destes indícios, os investigadores flagraram a magistrada descumprindo a ordem do ministro do STJ Og Fernandes, responsável pela operação e que a proibiu de entrar em contato com servidores do TJ baiano pelas suspeitas de que ela estaria envolvida em um esquema de venda de sentenças. No dia em que a Operação Faroeste foi deflagrada, a desembargadora telefonou do telefone de um genro seu para uma servidora de seu gabinete e pediu para ela tentar impedir que a PF apreendesse um aparelho celular em seu gabinete no tribunal.
"O contato referido foi realizado justamente para tratar da aparente destruição de prova, perquirindo se a Polícia Federal havia apreendido tal aparelho e, como houve resposta positiva, querendo saber se o conteúdo havia sido apagado", assinalou o ministro Og Fernandes em sua decisão desta quinta-feira, 28, que determinou a prisão da desembargadora.
O advogado João Daniel, que defende Maria do Socorro, afirmou, em nota, que "os aspectos considerados na decisão teriam sido, um a um, explicados e justificados, se a desembargadora tivesse tido a oportunidade de ser ouvida".
"Ademais, a decisão de afastamento já seria suficiente para assegurar a boa fluência das investigações", argumentou o advogado. "A expectativa é que, após os devidos esclarecimentos, a decisão seja revogada", diz o comunicado.
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Comentários (7)
Pedro Ubiratan- Bira
2019-11-30 13:13:40Não há como não relacionar o caso à apreensão, em 15.09.2018, no aeroporto de Viracopos, da muamba milionária de Teodorin, filho do ditador da Guiné-Bissau.
Paulo
2019-11-29 20:24:58Começa investigar falcatruas, já aparece o PT. Cana nestes canalhas!!!
Antonio
2019-11-29 19:13:33PF tribunal de justiça de MT, não escapa ninguém!
EDIRVAL
2019-11-29 15:25:27Esse tipo de investigação além de se estender para outros estados deveria, outrossim, avançar com força no STF.
Leandro
2019-11-29 14:57:03Enfim a justica esta chegando no judiciario onde muita coisa rola ä margem da lei. Somente agora alguns poucos magistrados estao sendo pegos. Como disse uma vez a Ministra Eliana Calmon do STJ, sera q ninguem vai delatar nenhuma irregularidade do judiciario? Sera q la so tem anjos? Espero q a Maria do Socorro pague por todos os seus delitos e delate outros iguais a ela. Parabens a PGR.
Paulo Renato
2019-11-29 14:06:15Diziam que o Lulladrão nunca possuiu um aparelho celular. O Criminoso fazia suas ligações através de aparelhos de assessores imediatos, justamente para não deixar rastreamento, comportamento de bandido mesmo. A desembargadora aí é bem aplicada neste tipo de procedimento, pelo visto. Esses bahianos estão chegando ao estado da arte, em termos de pilantragem, estão se revelando professores com PhD.
Maria
2019-11-29 13:51:52tenho esperança que algum dia estas investigação de magistrados chegue aos ministros do STF