EXCLUSIVO: Polícia Federal apura se atentado a Bolsonaro teve "mandante" ou "incentivador"

A Polícia Federal considera seriamente a hipótese de haver um mentor por trás da decisão de Adélio Bispo de Oliveira de tentar matar Jair Bolsonaro, candidato do PSL ao Palácio do Planalto.

Nesta segunda-feira, 10, os agentes apreenderam os computadores de uma lan house de Juiz de Fora que era frequentada por Adélio desde o dia em que ele chegou à cidade, duas semanas antes do atentado.

A apreensão, em si, é parte da busca dos policiais por evidências de que poderia haver, ainda que remotamente, outros envolvidos no ataque.

A ideia é averiguar, nesses computadores, com quem Adélio costumava falar. E também entender por que ele recorria à lan house mesmo tendo em seu poder um notebook e quatro telefones, dois deles com acesso à internet.

Os policiais partem da suspeita de que Adélio ia à lan house para, de lá, manter comunicação com pessoas que não podiam ser contactadas diretamente a partir dos seus próprios dispositivos eletrônicos.

É, por ora, uma hipótese. Mas uma hipótese que realça a desconfiança dos investigadores de que Adélio pode não ter agido sozinho.

Fontes próximas da investigação disseram a Crusoé que tem sido levada em consideração a possibilidade de haver um "mandante" ou um "incentivador" por trás do atentado.

Adélio frequentava a lan house diariamente. Além dos discos rígidos dos computadores que ele utilizou, os policiais apreenderam as planilhas da lan house com os registros das visitas do agressor de Bolsonaro.

Os quatro telefones que Adélio Bispo tinha em seu poder -- dois smartphones e dois aparelhos simples, todos ativos -- já haviam sido apreendidos e estão sendo periciados pela polícia, assim como um notebook encontrado no quarto alugado por Adélio em uma pensão de Juiz de Fora.

O agressor de Bolsonaro também guardava consigo alguns chips de telefone.

Para um investigador experiente, há duas explicações possíveis para o "cuidado excessivo" de Adélio ao se comunicar: ou ele, espertamente, se cercou de conhecidas medidas de inteligência para não deixar muitos rastros sobre o que pretendia fazer, ou tudo não passava de simples "mania de perseguição". Na dúvida, os agentes levam em conta a hipótese mais grave.

A cúpula da Polícia Federal, em Brasília, tem sido atualizada constantemente sobre o desenrolar das investigações.