O risco de Evo Morales tentar um autogolpe na Bolívia
Ao anunciar publicamente sua renúncia neste domingo, 10, o presidente da Bolívia, Evo Morales (foto), jogou seu país em um limbo jurídico. Para começar, Morales não oficializou sua renúncia, apenas a comunicou pela televisão. Para que sua saída seja concretizada, será necessário que ele faça isso de maneira irrevogável, e que o Congresso acate o pedido....
Ao anunciar publicamente sua renúncia neste domingo, 10, o presidente da Bolívia, Evo Morales (foto), jogou seu país em um limbo jurídico.
Para começar, Morales não oficializou sua renúncia, apenas a comunicou pela televisão. Para que sua saída seja concretizada, será necessário que ele faça isso de maneira irrevogável, e que o Congresso acate o pedido.
Segundo a Constituição da Bolívia, quando há a impossibilidade de o chefe de estado exercer suas funções, a tarefa passa para o vice-presidente. Quando o vice também não pode, o bastão passa para o presidente do Senado. Na impossibilidade desse, para o presidente da Câmara dos Deputados.
Mas os ocupantes de todos esses cargos também renunciaram publicamente. E nenhum deles oficializou suas decisões.
A solução para o imbróglio então pode estar no regulamento do Congresso. Pelas normas da Casa, a incumbência de governar o país passaria para a vice-presidente do Senado, Jeanine Áñez. A senadora, que é de oposição, já anunciou que pretende assumir o cargo de presidente interino nas próximas horas.
A dificuldade será em lidar com o Congresso, em que o Movimento ao Socialismo (MAS), o partido de Morales, detém a maioria qualificada de dois terços das cadeiras. São esses os legisladores que devem aceitar as renúncias, empossar Jeanine e aprovar os trâmites para uma nova eleição.
“Evo Morales jogou a Bolívia no caos. Ele fabricou a história de um falso golpe, provavelmente porque tem a esperança de voltar. Morales recusou a oferta de asilo de outros países e foi se encontrar com os grupos de cocaleiros, sua base de apoio. Parece que ele está apostando em uma estratégia de confrontação e violência”, diz o advogado Fernando Tibúrcio, especialista em direito internacional.
A suspeita é a de que Evo Morales possa ter criado, de forma intencional, um impasse que só poderia ser resolvido com seu retorno ao poder. O boliviano pode estar pensando em repetir o que fez o venezuelano Hugo Chávez, em 2002. Durante um levante popular, Chávez se refugiu em um quartel. Dois dias depois, sem que o país conseguisse encontrar um rumo, ele retornou para reassumir a presidência. Desde então, passou a usar a desculpa de que sofreu um golpe de estado para acumular poder.
Para impedir um autogolpe na Bolívia, serão fundamentais a atuação da polícia, das Forças Armadas e a continuação das manifestações populares. "Efetivamente, o Movimento ao Socialismo pode ter um plano de retorno de Morales em mente. No entanto, os líderes das manifestações civis já advertiram que não irão terminar com os protestos até que um presidente interino assuma e agende a realização de novas eleições", diz o advogado boliviano Jorge Asbun, doutor em direito constitucional.
A ver o que acontecerá nas próximas horas.
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Comentários (10)
ASTERIO
2019-11-12 01:48:39você está equivocado no mesmo erro do Jânio Quadros. Renúncia não tem que ser aceita ou acatada pois é ato personalíssimo e manifestação de vontade unilateral. Renunciou, ainda mais formalmente, nem precisa ser por escrito, tá valendo. Estude o caso do Jânio Quadros.
Geraldo Rodrigues
2019-11-11 23:04:09Só se for a melhora para morte, como é muito comum naqueles que pacientes de CTI, tem uma melhora espantosa e depois subitamente falece. Falando de Evo Morales, deixou seu governo enfraquecido e desacreditado pela vontade de permanecer no poder. Além de perder suas âncoras financeiras, Chaves, Maduro, Cristina, Dilma, Lula e Rafael Correa.
Otaviano
2019-11-11 20:18:06Tenho a renúncia como ato de vontade pessoal, unilateral portanto, que expressa vontade que não tem de ser submetida à aceitação de terceiros e de outra parte qualquer. Caberia, então, o mero conhecimento da vontade expressa, para que a sequência lega fosse tomada. Agora, cadê o pedido por escrito? E por que o comandante da polícia pediu demissão?
Gunther
2019-11-11 20:03:42Eu até acreditaria nisso, se o Exército estivesse do lado do Evo.
Marco
2019-11-11 18:33:37A história se repete, primeiro como catástrofe, depois como farsa. Marx deve estar orgulhoso do pupilo. Por aqui, outro pupilo que tentou do mesmo recurso acendeu o pavio para a tomada de poder pelos militares em 64.
NELSON
2019-11-11 18:21:36Então esta usando a mesma estratégia fo sujeito condenado, mas temporariamente solto. Também não obterá sucesso, está tudo dominado pelo exército boliviano. Já era.
Danny Boy
2019-11-11 17:29:30A esquerda é o próprio Demônio da Perversidade, descrito magistralmente por Edgar Allan Pöe. E sua queda, será como a Casa de Usher, desmoronando-se num crescendo descalabro, não ficando tijolo sobre tijolo, e nem pó sobre pó.
Nádia
2019-11-11 15:19:43A esquerda representa a besta do Apocalipse
Apparecida
2019-11-11 14:10:51A esquerda é a representação do demônio. Ele é tinhoso e não quer largar o osso!
HERMANTINA
2019-11-11 14:06:46Coitado do povo boliviano...teve tanta garra sofrimentos e dignidade, Tomara que isso não aconteça!!😢