O Spoofing português
O Ministério Público de Portugal apresentou nesta quinta-feira, 19, uma acusação de 147 crimes contra um hacker, em um caso que lembra o ataque aos celulares e aplicativos de mensagens de autoridades que deu origem à Operação Spoofing no Brasil. A diferença é que, além do ataque cibernético ao MP daquele país, Rui Pinto (foto)...
O Ministério Público de Portugal apresentou nesta quinta-feira, 19, uma acusação de 147 crimes contra um hacker, em um caso que lembra o ataque aos celulares e aplicativos de mensagens de autoridades que deu origem à Operação Spoofing no Brasil.
A diferença é que, além do ataque cibernético ao MP daquele país, Rui Pinto (foto) também quebrou o sigilo de clubes de futebol, da Federação Portuguesa de Futebol e até do astro Cristiano Ronaldo. E no momento de vazar as informações, criou ele mesmo um site, o Football Leaks, em vez de repassar o conteúdo.
Pinto foi acusado de tentativa de extorsão, sabotagem cibernética, violação de correspondência e de 75 acessos ilegais a dados -- inclusive do e-mail do atacante da Juventus, que testemunhou no inquérito. Mas a denúncia não esgotou o rol de todos os crimes pelos quais o hacker pode ser responsabilizado.
Ele usou documentos do sistema de informática da Procuradoria-Geral da República de Portugal e as caixas de e-mails da PGR para conseguir informações que estavam sob segredo de Justiça, relacionadas a diversas investigações, inclusive a que havia contra ele mesmo. E ainda entrou por 307 vezes na área reservada de trabalho do MP, o Sistema de Informação do Ministério Público de Portugal.
Entre os documentos em segredo de justiça que Pinto hackeou estão os relacionados a alguns dos mais rumososos casos de corrupção recentes em Portugal, como o da quebra do Banco Espírito Santo e a Operação Marquês, em que foi preso por seis meses o ex-primeiro ministro socialista José Sócrates, hoje à espera de julgamento.
Pinto foi o protagonista do Football Leaks, em que, a partir de 2015, vazou bastidores de negociações esportivas pelo site com este nome, com base do material que havia extraído de clubes, entidades e empresas. Nas informações que divulgou, estavam documentos que implicavam Cristiano Ronaldo em suspeitas de problemas com o Fisco da Espanha e troca de mensagens com advogados que o representaram num caso de acusação de estupro, do qual o jogador foi absolvido em julho.
Mas o acusado acabou preso preventivamente em 22 de março, depois de ser extraditado por ter acessado ilegamente, a partir da Hungria, os sistemas do Sporting e do fundo de investimentos Doyen, que atua no mercado do futebol. Ele teria tentado extorquir entre meio milhão e 1 milhão de euros da Doyen para não vazar os dados que obteve, o que o levou a ser capturado em Budapeste e mandado de volta para seu país.
No caso português, há também a simpatia à esquerda pelos vazamentos feitos graças aos ataques cibernéticos, mas de uma forma isolada. Pinto foi defendido publicamente pela eurodeputada socialista Ana Gomes, o que a fez ficar apartada até dentro do próprio partido.
Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.
Comentários (10)
Elisabeth
2019-09-21 16:42:30Que diferença!
Drusius
2019-09-21 12:49:39Ora pois, os gajos endureceram c'o pinto.
Jose
2019-09-21 11:21:43Tem muitos ministros brasileiros com negocios em Portugal e esse pinto nada?
MARIA
2019-09-21 11:02:53Ah se aqui fosse assim! Tomara q seja!!!!!
Angela
2019-09-21 10:44:47Em Portugal hacker é tratado como criminoso. No Brasil, como celebridade, a quem todos se curvam.
Flavio
2019-09-21 09:10:53cacetada!!!!
Aguinaldo
2019-09-21 08:59:02Pinto preso não sobe verdevaldo vai ficar pilhado kkkkk
LuisR
2019-09-21 08:51:10A Verdevalda iria adorar um Pinto desse!!
Antonio
2019-09-21 08:05:47Tem “jornalista” aqui no Brasil que admira o Pinto
Joséf
2019-09-21 07:39:34Não nega que é português. De tivesse vindo pro Brasil, ao invés da Hungria, teria conseguido um habeas corpus através do Gilmar. Aqui no Brasil entraria na conta de alguém da lava-jato e seria considerado jornalista. Teria todo o respeito da mídia.