Putin quer tudo, menos a paz
Exigências do ditador russo por Donbass e Donetsk inviabilizam acordo pelo fim da invasão à Ucrânia
O ditador russo, Vladimir Putin, afirmou na sexta, 19, estar "disposto e pronto" a encerrar a invasão da Ucrânia.
A declaração foi feita durante um evento anual em que o Kremlin costuma exaltar supostos avanços econômicos do país. Segundo o governo russo, mais de três milhões de perguntas foram enviadas pela imprensa a Putin.
A retórica do ditador, no entanto, contrasta com as exigências consideradas inaceitáveis por Kiev, o que indica que um acordo de paz ainda está distante.
Donbass e Donetsk
A principal condição imposta por Moscou é o controle total do leste da Ucrânia, incluindo Donbass e de Donetsk, cuja região não foi ocupada pelos russos.
"No momento, o plano não vai sair rápido. O ponto que não há consenso é o territorial. Rússia quer que Ucrânia ceda territórios. Ucrânia não quer ceder, mas quer um cessar-fogo na linha de frente da guerra. Putin segue querendo que cedam toda a província de Donetsk e todo o resto. A Europa está do lado, enquanto os Estados Unidos querem paz logo", afirma o analista político ucraniano Oleksandr Slyvchuk, do Programa de cooperação para Espanha e América Latina do Transatlantic Dialogue Center.
Putin também exige que novas eleições presidenciais na Ucrânia façam parte das propostas de paz discutidas pelo presidente americano Donald Trump.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, já se mostrou disposto a aceitar a realização de novo pleito.
Mas para isso, Putin teria de cessar os bombardeios. Além disso, os países aliados devem garantir a segurança do processo eleitoral, tanto no campo militar quanto no cibernético.
Petróleo
Para Slyvychuk, o sucesso de um eventual acordo depende ainda do aumento da pressão sobre a Rússia.
Os preços do petróleo seguem em queda, o que agrava as dificuldades do Kremlin.
Na sexta, 19, o serviço secreto ucraniano atingiu um petroleiro que operava como parte da frota paralela de Moscou no Mediterrâneo, utilizada para driblar as sanções internacionais.
Até o momento, as sucessivas rodadas diplomáticas produziram pouco resultado.
A Ucrânia afirma está preparada para continuar lutando na linha de frente, após receber um empréstimo da União Europeia.
Bola do outro lado
Questionado se sente responsável pelas mortes causadas pela guerra, Putin responsabilizou o Ocidente por bloquear um acordo de paz.
"A bola está nas mãos de nossos adversários ocidentais, principalmente do regime de Kiev e, neste caso, antes de tudo, de seus patrocinadores europeus", afirmou.
Em Miami, uma delegação ucraniana realiza rodadas de negociações com Jared Kushner, genro de Trump, e o enviado especial Steve Witkoff.
Também estão presentes autoridades alemãs, francesas e britânicas.
Kirill Dmitriev, enviado do Kremlin, deve chegar aos Estados Unidos neste sábado, 20.
Enquanto isso, Putin segue prolongando a guerra iniciada em fevereiro de 2022.
A economia russa continua em queda, milhares de pessoas morrem todos os meses, e Donald Trump falha na promessa de encerrar o maior conflito armado da Europa nas últimas décadas.
Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.
Comentários (0)