Ruanda e Congo chegam a novo acordo de paz mediado por Trump
Pacto inclui exploração de minerais críticos pelos EUA e ocorre em meio à retomada dos combates envolvendo o grupo M23
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump e os presidentes de Ruanda, Paul Kagame, e Félix Tshisekedi, da República Democrática do Congo (RDC) assinaram nesta quinta-feira, 4, um novo acordo de paz.
"Acho que será um grande milagre”, afirmou Trump durante a cerimônia realizada em um instituto de paz batizado em sua homenagem.
Segundo o republicano, o pacto inclui também a participação americana na exploração de minerais críticos na região.
"Eles passaram muito tempo se matando, e agora vão passar muito tempo se abraçando , de mãos dadas e tirando proveito econômico dos Estados Unidos, assim como qualquer outro país faz."
O anúncio ocorre em meio à escalada recente dos combates no leste da RDC, onde o grupo armado M23, apoiado por Ruanda, ampliou seu avanço sobre as forças de Kinshasa.
Em junho, os dois países já haviam assinado um acordo de paz mediado por Washington, numa tentativa de encerrar um conflito que se arrasta há mais de 30 anos.
Guerra histórica
O conflito entre os países teve início após o genocídio de Ruanda, em 1994, quando cerca de 800 mil pessoas foram assassinadas em apenas 100 dias.
Após o assassinato do presidente Juvenal Habymarimana, o grupo étnico hutus iniciou uma campanha de extermínio da minoria tutsis.
Com a vitória da Frente Patriótica Ruandesa (FPR), cerca de 2 milhões de hutus, entre civis e milicianos, fugiram para o leste do Congo.
Esses grupos se reestruturaram em solo congolês, representando uma ameaça para Ruanda.
Nas últimas décadas, surgiram diversos grupos armados no leste do Congo.
O mais proeminente é o grupo rebelde M23 (Movimento 23 de Março), formado por ex-combatentes tutsis.
O governo congolês acusa Ruanda de apoiar o M23 em sua região oriental, que é rica em minerais.
Em janeiro, eles avançaram e tomaram a cidade estratégica de Goma.
Logo depois, conquistaram Bukavu.
Desde a década de 1990, o conflito armado já causou a morte de milhões de pessoas.
Minerais raros
Além da busca pela estabilidade, os Estados Unidos têm interesse direto na região devido à abundância em minerais críticos, entre os quais o cobalto, lítio, ouro e diamantes.
O cobalto, por exemplo, é essencial para a produção de eletrônicos e de baterias de carros elétricos.
Com isso, os EUA buscam reduzir sua dependência da China, que domina o comércio desses minerais.
A Casa Branca também quer evitar a escalada de um outro conflito a nível continental.
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