As elites que Lula não vê
Presidente ataca elite financeira, mas não faz nada pelos empreendedores e não quer tocar nos servidores públicos
O presidente Lula (foto) usou a cadeia nacional de rádio e televisão no domingo, 30 de novembro, para fazer propaganda de governo.
Pela legislação, esse expediente só poderia ser usado em questões de alto impacto, de interesse público ou em datas comemorativas.
Mas a verdade é que Lula não tem demonstrado qualquer pudor em usar os meios públicos para fazer promoção pessoal, de olho nas eleições do ano que vem.
E, pior, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) continua fingindo que não vê.
Nós contra eles
Na sua fala, Lula retomou a narrativa divisionista da sociedade, do "nós contra eles", para falar da isenção do imposto de renda para quem ganha até 5 mil reais.
Este ano, Lula conseguiu melhora de aprovação incitando o ódio de classe. No ano que vem, ele quer usar o mesmo truque.
"Minhas amigas, meus amigos. O Brasil mudou muito nessa última semana. Pela primeira vez, mais de 100 anos após o início do imposto de renda, privilégios de uma pequena elite financeira deram lugar à conquista para a maioria do povo brasileiro", afirmou Lula.
"Minhas amigas e meus amigos. Ao longo de 500 anos de história, a elite brasileira acumulou mais e mais privilégios que foram passados de geração em geração até a chegada aos dias de hoje."
O discurso é revelador sobre como Lula enxerga o Brasil.
Em primeiro lugar, não existe para Lula a elite dos empreendedores, aquelas pessoas que enriqueceram por conta própria, com o próprio esforço.
O brasileiro rico, para Lula, ou ganhou dinheiro com operações financeiras ou é herdeiro.
A falha da esquerda em reconhecer o empreendedor custou algumas eleições ao PT e a outros partidos.
Na disputa em São Paulo no ano passado, o candidato endossado pelo presidente, Guilherme Boulos, do Psol, tentou encaixar um discurso para empreeendedores no final da campanha, mas não convenceu ninguém.
Lula também não vê a elite do funcionalismo público.
Seu intento sempre foi o de inflar a máquina pública para agradar aliados e distribuir favores.
É por isso que o Distrito Federal é a unidade mais rica da federação, e a que tem a maior desigualdade de renda.
Lula não tem dedicado o mínimo esforço para promover uma reforma administrativa que possa cortar privilégios do funcionalismo e tornar o Estado mais eficiente.
Sua ministra de Gestão, Esther Dweck, só falar em fazer novos concursos públicos.
Mas Lula não quer mexer nessa elite do funcionalismo, claro.
Ele é parte dela.
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