Mercados sobem no aguardo da reunião entre Trump e Xi Jinping
Investidores se animam com a possibilidade de suavização chinesa sobre terras raras, mas um acordo amplo ainda deve demorar
Às vésperas do encontro entre Donald Trump e Xi Jinping dessa quinta-feira (30), o aceno de progresso nas negociações entre Estados Unidos e China marca um momento de alívio, mas não elimina os riscos que pairam sobre a relação comercial entre as duas potências.
Em uma rodada recente, representantes dos Estados Unidos anunciaram ter alcançado um acordo preliminar com a China, na verdade, mais um entendimento na forma de trabalhar, criado para evitar novos atritos e tarifas que poderiam voltar a 157% sobre os produtos chineses.
Apesar dessa aparente virada, o tom de Pequim permanece calculadamente cauteloso, mantendo interlocuções diplomáticas firmes, com declarações de otimismo, mas nada de entusiasmo absoluto. Essa ambiguidade sustenta a opção chinesa por preservar margem de manobra.
Um dos eixos centrais dessas negociações envolveriam as restrições chinesas à exportação de minerais raros e semicondutores, e o correspondente desagrado americano sobre o excesso de capacidade industrial e políticas de subsídio em solo chinês.
Enquanto isso, a China segue avançando discretamente com estoques estratégicos de matérias-primas, cujo objetivo declarado é reduzir vulnerabilidades a sanções externas ou bloqueios. Essas reservas têm funcionado como um eficiente "colchão contra crises", pelo menos até agora, diante das pressões externas.
No mercado financeiro, o impacto das expectativas de um desfecho positivo já se refletiu em valorização de ativos e retomada da confiança.
Os futuros americanos e os índices asiáticos responderam com otimismo ao anúncio de que a China poderia atrasar a implementação de novos controles sobre exportações de minerais, o que reduziria uma fonte de preocupação para cadeias produtivas mundo afora.
Mesmo assim, o sentimento de prudência permanece dominando entre os investidores e formuladores de políticas.
O fato de o acordo ainda depender do aval dos presidentes Donald Trump e Xi Jinping, indica que o entendimento pode ainda não ter evoluído para uma realidade mais completa que leve a um acordo abrangente
Além disso, a interpretação chinesa de crescimento interno e autossuficiência estratégica é vista como elemento chave para entender por que Pequim não cede rapidamente a pressões externas.
Sob esse ponto de vista, o acordo, que não necessariamente sairá agora, funciona tanto como instrumento de negociação quanto como uma sinalização de resiliência.
Ainda assim, o futuro imediato das tratativas dependerá de como cada lado vai transformar as conversas de bastidores em compromissos concretos.
Pequim sinaliza que não deverá renunciar a ampliação da sua autossuficiência tecnológica, enquanto Washington busca garantias de transparência nas cadeias de produção e exportação.
A disputa comercial parece entrar em uma nova fase, mais discreta, onde os dois lados parecem ter aprendido que bater de frente não traz resultados nem demove o outro das suas posições.
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