Trump pressiona Banco Mundial para rever política climática
Donald Trump exige que o Banco Mundial priorize energia barata, incluindo fósseis e nuclear, em vez de focar apenas na agenda verde

Desde que voltou à Casa Branca, Donald Trump vem promovendo uma guinada na política climática dos Estados Unidos.
Agora, segundo reportagem do jornal Financial Times, o presidente americano está pressionando o Banco Mundial a aumentar o financiamento de combustíveis fósseis, especialmente o gás natural.
Essa orientação bate de frente com compromissos anteriores da instituição, que haviam restringido o apoio a novos projetos de exploração de petróleo e derivados, com exceções pontuais para o gás.
Fontes do FT informam que o governo Trump não só busca reverter políticas climáticas internas, mas também está solicitando bancos multilaterais a reduzirem suas ambições de financiamento verde e priorizarem esforços que garantam energia mais barata e de acesso imediato para países em desenvolvimento.
Essa estratégia se apoia em argumentos de desenvolvimento e combate à pobreza, com ênfase no papel do gás como ponte para crescimento econômico e segurança energética.
Só que essa mudança gera tensão no Banco Mundial. Em recentes reuniões do conselho, segundo informa o jornal, houve discordâncias sobre se o banco deve ou não financiar projetos upstream de gás, isto é, aqueles que envolvem explorar novas reservas ou perfurar campos existentes.
O presidente da instituição, Ajay Banga, reconheceu que ainda existe falta de consenso e que o tema vai exigir um debate maior.
O novo caminho sugerido pelos EUA também inclui estímulo à energia nuclear em lugares onde fizer sentido, como parte de uma estratégia de energia que inclua todas as opções (“all-of-the-above”), que deixaria de priorizar apenas renováveis.
Essa proposta aparece como alternativa diante da urgência de ampliar o acesso à energia elétrica em regiões em déficit, especialmente na África, onde incertezas políticas, climáticas e de infraestrutura agravam o atraso no desenvolvimento econômico.
A consequência prática desse reposicionamento pode por um lado aliviar pressões sobre países pobres que reclamam de acesso limitado a energia confiável e de outro comprometer metas climáticas globais se essa nova onda de financiamentos fósseis aumentar muito as emissões, o que exigiria monitoramento rigoroso e transparência.
O Banco Mundial, apesar de ter compromisso de destinar cerca de 45% de seu financiamento anual para temas climáticos para o biênio 2025-2026, agora enfrenta o desafio de conciliar esses objetivos com as demandas políticas do seu maior acionista.
Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.
Comentários (0)