O que esperar da reunião entre EUA e Rússia no Alasca?
Entre os temas que serão abordados durante o encontro estão a questão da cessar-fogo, as disputas territoriais e as garantias de segurança

No contexto da reunião entre o presidente dos Estados Unidos e o líder russo, marcada para hoje, 15 de agosto, no Alasca, questões complexas e delicadas emergem como ponto central das discussões.
Entre os temas que serão abordados durante o encontro estão a questão da cessar-fogo, as disputas territoriais e as garantias de segurança.
A linha de frente que separa as tropas ucranianas das russas se estende por mais de 1.200 quilômetros. A implementação de um cessar-fogo implica desafios significativos, especialmente em relação à supervisão de uma área tão extensa.
O presidente Trump, antes do encontro, fez menção a uma possível "troca de territórios", insinuando que a Rússia poderia se retirar de algumas regiões ocupadas na Ucrânia em troca do controle de outras áreas ainda sob domínio ucraniano.
Contudo, Moscou ofereceu apenas um recuo total da área de Donetsk, onde controla aproximadamente dois terços do território, condicionado à interrupção dos combates.
Essa proposta representaria uma concessão significativa por parte da Ucrânia, algo que o presidente Volodymyr Zelensky rejeitou firmemente. Para a Ucrânia, não há o que ser trocado, visto que já perdeu partes da região russa de Kursk anteriormente sob seu controle.
Conforme destacou o secretário-geral da Otan, Mark Rutte, é fundamental distinguir entre a aceitação "de facto" e "de jure" dos territórios em questão.
Isso significa que a Rússia poderia exercer controle sobre determinadas áreas sem que estados europeus ou a própria Ucrânia reconhecessem essas áreas como parte legítima do território russo.
Além disso, qualquer renúncia territorial por parte da Ucrânia exigiria uma modificação constitucional, algo inviável durante períodos de guerra e desafiador em tempos normais.
Tanto a Ucrânia quanto os países europeus instaram Trump a não abordar questões territoriais durante o encontro com Putin.
Garantias de segurança
As chamadas garantias de segurança consistem em compromissos firmados por estados ou organizações internacionais para assegurar proteção a um país contra ameaças externas.
No caso da Ucrânia, estas garantias visam dissuadir novas agressões russas. Contudo, os detalhes sobre como essas garantias seriam implementadas permanecem indefinidos.
Uma possibilidade seria a adoção de uma cláusula de assistência semelhante àquela existente entre os estados-membros da Otan. Países como Alemanha já expressaram apoio inabalável à Ucrânia; no entanto, a presença de tropas europeias em solo ucraniano é veementemente recusada pela Rússia.
Cessar-fogo
No âmbito do direito internacional, distingue-se entre um cessar-fogo temporário e um armistício formalmente acordado.
O cessar-fogo pode ser seguido pelo retorno às hostilidades ou ser estendido até evoluir para um acordo oficial de armistício.
"Conversa útil"
De acordo com o Ministro das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, a Rússia está chegando ao Alasca com uma posição clara para a cúpula com os EUA.
Ele não quer prejulgar nenhum resultado, disse Lavrov ao canal de televisão estatal russo Rossiya-24 ao chegar a Anchorage. "Sabemos que temos argumentos, uma posição clara e compreensível. Nós os apresentaremos."
Grande parte dos preparativos para o encontro entre os presidentes Vladimir Putin e Donald Trump no estado do norte dos EUA foi concluída durante a visita do negociador americano Steve Vitkoff a Moscou na semana passada. Lavrov disse que eles esperam continuar esta "conversa útil".
Trump planeja discutir um cessar-fogo na Ucrânia e o fim da guerra na reunião. Putin, sob cujas ordens a Rússia atacou a Ucrânia, até o momento não deu sinais de recuar.
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