Lula não quer acordo com Trump
Em Santiago, no Chile, petista busca chamar a atenção do presidente americano para criar mais problemas

O presidente Lula (foto) não tem qualquer intenção de conseguir um acordo com o governo americano para evitar a imposição de tarifas de 50% a produtos brasileiros, em 1º de agosto.
O petista colocou o ministro de Relações Exteriores, Mauro Vieira, e o vice-presidente Geraldo Alckmin para negociar com os Estados Unidos.
Mas Lula, em um movimento paralelo, tem feito todo o possível para chamar a atenção de Trump e gerar ainda mais atrito.
Dissenso de Washington
Na segunda, 21, Lula deu um discurso em Santiago, no Chile, em uma cúpula com chefes de governo de esquerda, em que se colocou contra o "Dissenso de Washington", que segundo ele teria características intervencionistas.
Embora não tenha citado Trump nominalmente, Lula está claramente querendo criar mais problemas com o ocupante da Casa Branca.
"A extrema direita organizada internacionalmente oferece um novo Consenso de Washington (ou melhor, um novo Dissenso de Washington): antidemocrático, negacionista e intervencionista. Os inimigos da democracia não recorrem mais à diplomacia dos tanques e das canhoneiras. Eles controlam algoritmos, semeiam o ódio e espalham o medo. Promovem uma guerra cultural. Utilizam o comércio como instrumento de coerção e chantagem. Atacam as instituições, a ciência e as universidades. Solapam a solidariedade entre as nações", disse o presidente.
O Consenso de Washington é um conjunto de recomendações de políticas econômicas liberais formado na década de 1980, que priorizava a iniciativa privada, controle da inflação e responsabilidade fiscal.
No Chile, o ditador Augusto Pinochet seguiu o Consenso de Washington, turbinando a economia que estava depreciada no governo do socialista Salvador Allende.
Ao mesmo tempo, houve prisão e morte de opositores e repressão a vários direitos fundamentais, como a liberdade de expressão.
Ao trocar a palavra "consenso" por "dissenso", Lula recupera a história chilena para enfatizar uma falta de acordo com as políticas americanas.
O palco internacional em Santiago, com a presença de outros chefes de governo, como o primeiro-ministro espanhol Pedro Sánchez, o presidente chileno Gabriel Boric, o colombiano Gustavo Petro e o uruguaio Yamandu Orsi, só amplia a chance de as frases chegarem aos ouvidos de Trump.
"A extrema direita latino-americana é subserviente e saudosa de antigas hegemonias. É anti-soberana e abdica da autodeterminação dos povos. Essa é a principal ameaça à construção de um continente integrado, desenvolvido e autônomo", afirmou Lula.
Discurso no Brics
A possibilidade de declarações de Lula em palcos internacionais influenciarem decisões de Trump é concreta e já foi comprovada.
Na reunião do Brics entre 6 e 7 de julho, no Rio de Janeiro, Lula reagiu à ameaça de Trump de impor tarifas de 10% aos países do Brics.
"Eu não acho uma coisa muito responsável e séria um presidente da República de um país do tamanho dos EUA ficar ameaçando o mundo através da internet. Não é correto. Ele precisa saber que o mundo mudou. Não queremos imperador", disse Lula em entrevista coletiva após o encerramento da cúpula do Brics, no Rio de Janeiro.
O resultado, como se sabe, foi que a ameaça de taxar em 10% subiu para 50%.
Se depender das frases de Lula, esse valor pode subir ainda mais.
Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.
Comentários (3)
Clayton De Souza pontes
2025-07-22 16:14:29O Lula acha que vai ter benefícios eleitoreiros com esse enfrentamento. Se a economia afundar duvido que tenha apoio mesmo da sua base ignara
F-35- Hellfire
2025-07-22 15:58:50É isso que dá eleger um ignorante para presidente. Estamos fritos, Socorro Tarcísio de Freitas!
Eliane ☆
2025-07-22 15:23:27O Lula e o Bolsonaro são iguais. Não conseguem ficar calados.É incrível. Quando não é um,é o outro.