É Tarcísio que vai pagar pela tarifa de Trump?
Já que a família Bolsonaro tem outras prioridades no momento, é o governador de São Paulo que pode acabar pagando a conta

A família Bolsonaro resolveu reivindicar influência na tarifa adicional de 50% para produtos brasileiros prometida por Donald Trump para em 1º de agosto, aproveitando a deixa dada pelo próprio presidente dos Estados Unidos. E a bomba ameaça explodir no colo do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos, foto).
O deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) chegou a postar uma imagem no fim de semana para dizer que o Brasil precisa ser defendido do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, e não do PT, o suposto adversário político dos Bolsonaro.
Assim como o filho, o ex-presidente Jair Bolsonaro mandou cobrarem a conta no Congresso Nacional, sob a alegação de que Trump ficaria satisfeito ao ver o aliado brasileiro livre das garras da Justiça. O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) reforçou, em entrevista, as cobranças da família ao parlamento por anistia.
"Nós temos até o dia 1º de agosto para começar a sinalizar de que o Brasil está disposto a voltar à normalidade. Eu fico imaginando o que está passando na cabeça do Trump nessa hora. Ele deve olhar para a América Latina e ver o que está acontecendo na Venezuela.. Deve pensar assim: 'Eu vou esperar chegar nesse ponto, para depois impôr sanções às empresas brasileiras ou tentar fazer alguma coisa para que a democracia ali prevaleça? Porque ali vai ser mais um bunker do meu concorrente mundial, que é a China?' É isso que passa na cabeça dele. Então, se nós estamos aqui, neste momento, discutindo como se sai dessa enrascada, eu estou falando qual é o caminho: voltando o Brasil à normalidade. Para começar, eu imagino que é um gesto importante, é aprovar uma anistia ampla, geral e irrestrita, já que, na carta dele, ele fala que é uma 'caça às bruxas' ao Bolsonaro. Então, vamos acabar com a caça às bruxas ao Bolsonaro? Que é o que a gente já tinha que fazer independente de pressão externa", disse o senador à GloboNews.
Enquanto isso, no mundo real
A Associação Brasileira das Indústrias de Pescados (Abipesca) informou que 1.500 toneladas de peixes e frutos do mar deixaram de embarcar para os Estados Unidos já no dia seguinte ao envio da carta que informou a decisão a Lula — os produtos só chegariam a território americano dali a três semanas, quando a tarifa já pode estar valendo.
Mesmo diante de prejuízos práticos como esse, a família Bolsonaro tenta surfar na onda de confusão política criada pela carta de Trump, que misturou vários elementos ao impôr a tarifa adicional de 50% ao Brasil.
Até agora, a família não parece ter sensibilizado o Congresso, talvez porque todo mundo saiba que a questão não se trata exatamente de Bolsonaro, mas do posicionamento "antiamericano" do governo Lula.
Lula
Lula e seus aliados, por sua vez, também optaram por surfar na onda de confusão deflagrada por Trump e alardeiam o discurso de soberania para se defender e, ao mesmo tempo. desgastar Bolsonaro.
Sem pontes com o governo americano, os lulistas pagam para ver até onde Trump irá com suas ameaças, torcendo para que o desgaste político-econômico recaia mais sobre a oposição do que sobre o governo.
Tarcísio
E quem tem mais a perder, hoje, na oposição, é Tarcísio, que governa o maior estado do país e vinha sendo celebrado como a melhor alternativa a Lula na Presidência do Brasil em alguns dos círculos mais influentes do país.
Não por acaso, após um primeiro momento de celebração, o governador de São Paulo começou a se mexer para pelo menos demonstrar interesse de mediar a crise da tarifa com o governo americano.
Tarcísio virou notícia por supostamente ter apelado no STF para que Bolsonaro pudesse ir negociar com Trump nos EUA, e desmentiu a informação. Agora, deve se reunir com empresários na terça-feira, 15, para tratar da questão.
"É um desrespeito comigo"
Quem não está gostando é Eduardo Bolsonaro. "O Tarcísio utilizou os canais errados", reclamou o deputado licenciado à Folha de S.Paulo.
"O filho do presidente está nos Estados Unidos. O Tarcísio não tem nada que querer costurar por fora uma decisão que provavelmente vai chegar a mais um acordo caracu [expressão popular usada quando apenas um dos lados da parceria sai prejudicado]. O Tarcísio tem que entender que o filho do presidente está nos Estados Unidos e tem acesso à Casa Branca", seguiu Eduardo, finalizando:
"Qualquer tentativa de nos dar bypass será brecada e freada. Nós já provamos que somos mais efetivos até do que o próprio Itamaraty. O filho do presidente, exilado nos Estados Unidos. Queria buscar uma alternativa lateral. É um desrespeito comigo."
Ao contrário da família Bolsonaro, contudo, o governador de São Paulo tem de prestar contas à população de seu estado — e suas pretensões políticas ao Palácio do Planalto também dependem disso.
Já que a família Bolsonaro tem outras prioridades no momento, é Tarcísio que pode acabar pagando a conta.
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Comentários (2)
Andre Luis Dos Santos
2025-07-14 21:33:22Esse Dudu Bananinha não passa de um GRANDE MERDA, assim como seu pai e seus irmãos! Uma família inteira de GRANDES MERDAS!!!
F-35- Hellfire
2025-07-14 18:32:34Quem é Eduardo Bolsonaro? Qual cargo ele tem para falar em nome do Brasil? Só porque é especializado em "rachadinhas", isso não confere à ele autoridade para tratar com o presidente da maior nação do mundo em nosso nome, em nome do povo brasileiro. Acorda Eduardinho!