EUA convocam encarregado na Colômbia para "consultas urgentes" em meio a tensões
Gustavo Petro responde com retirada temporária de embaixador colombiano em Washington

O secretário de Estado dos EUA Marco Rubio, convocou o encarregado americano em Bogotá, John T.McNamara (foto), para "consultas urgentes" em Washington, em meio à crescente tensão entre os dois países.
"Chamamos de volta nosso Encarregado de Negócios interino de Bogotá para consultas urgentes após declarações infundadas e repreensíveis de altos funcionários do governo colombiano. Nossa nação está comprometida com a relação bilateral EUA-Colômbia e com o povo colombiano. Permaneceremos engajados em prioridades compartilhadas, incluindo segurança e estabilidade", escreveu no X.
A iniciativa ocorreu após a Promotoria da Colômbia abrir uma investigação sobre um suposto complô para derrubar o presidente Gustavo Petro.
Suposto complô
Uma reportagem do jornal El País revelou supostos áudios indicando que o ex-ministro Álvaro Levya estaria envolvido em uma alegada tentativa de golpe com ajuda de americanos.
"Nada mais é que uma conspiração (de Leyva) com o narcotráfico e com a extrema-direita aparentemente colombiana e americana", disse Petro, na segunda, 30.
Nas gravações, Levya afirmou que a vice-presidente da Colômbia, Francia Márquez, estava "envolvida" nos planos.
Em resposta, Márquez fez um pedido de esclarecimento sobre o "ocorrido".
"Com relação às gravações do ex-chanceler Álvaro Leyva, nas quais ele supostamente fala sobre contatos com terceiros para afetar o governo nacional, a Promotoria-Geral da Nação está conduzindo uma investigação, à qual se somam todas as apurações sobre o tema", diz trecho da nota da Promotoria da Colômbia.
A decisão marca um distanciamento ainda maior entre EUA e Colômbia, que se intensificou desde a posse do presidente americano Donald Trump.
Entre os pontos de divergência estão as políticas de combate às drogas, segurança nacional e agenda migratória.
Resposta de Petro
Em retaliação ao governo americano, o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, anunciou a convocação o embaixador colombiano nos EUA, Daniel García Penã, para retornar ao país e "informar sobre o andamento da agenda bilateral".
"Todas as minhas cartas e comunicações ao Presidente Trump foram escritas pessoalmente, e esta declaração também foi escrita a partir dos meus próprios pensamentos e mãos: Em resposta à convocação do Sr. McNámara, chefe da Embaixada dos EUA na Colômbia, estou convocando nosso embaixador, Daniel García Peña, nos Estados Unidos. Daniel deve vir e nos informar sobre o andamento da agenda bilateral com a qual me comprometi desde o início da minha administração", diz trecho de uma longa postagem no X.
Na publicação, Petro listou sete prioridades para a relação com os EUA.
"1. Descarbonização da economia e transição energética. Interconexão elétrica da América do Sul com o Panamá e a América do Norte, para viabilizar o vasto potencial energético limpo da América do Sul.
2. Revitalização da floresta amazônica e da floresta biogeográfica do Chocó para absorver grande parte do CO2 da atmosfera do planeta.
3. Um ataque determinado aos chefões do tráfico e suas finanças internacionais, incluindo o maior desafio que a América Latina enfrenta hoje entre as organizações criminosas multinacionais: a autoproclamada "Junta do Narcotráfico", com sede em Dubai. Hoje, essa multinacional une máfias albanesas, italianas, mexicanas, colombianas e do Cone Sul.
4. Tratado de Imigração que reconhece o direito dos Estados Unidos de acolher ou rejeitar seus visitantes, com base na dignidade humana
. 5. Colaboração com o governo dos EUA na construção de uma reforma do sistema financeiro global para permitir trocas de dívida por ações climáticas, até US$ 25 trilhões, com o objetivo de dar o primeiro passo importante e decisivo em direção à descarbonização da economia global e à adaptação à crise climática.
6. Unir forças para construir a paz regional, encontrar soluções políticas e negociadas para os conflitos na Venezuela, Cuba e Haiti, acabar com os bloqueios e fortalecer as relações econômicas, culturais e políticas no Grande Caribe, do qual a Colômbia e os Estados Unidos fazem parte. Vamos nos unir como latino-americanos e caribenhos aos Estados Unidos nos esforços para alcançar a paz no conflito Rússia-Ucrânia e para alcançar, no Oriente Médio, dois estados e nações livres e pacíficos na região palestina, com um cessar-fogo permanente e a libertação de todos os reféns.
7. Realização da cúpula EUA/CELAC", escreveu.
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