Milei enfrenta a espionagem russa na Argentina
Após ser exposta uma rede de espionagem russa na Argentina, Milei planeja centro de investigação para crimes internacionais

Após a revelação de uma suposta rede de espionagem proveniente da Rússia, o governo argentino anunciou a intenção de estabelecer um centro dedicado à investigação de crimes internacionais.
A medida surge em resposta à identificação de cinco cidadãos russos que, segundo as autoridades, teriam realizado operações clandestinas em território argentino ao longo dos últimos meses.
Manuel Adorni, porta-voz do governo argentino, confirmou as atividades suspeitas na última terça-feira, 17 de junho, mas não forneceu detalhes sobre a detenção dos indivíduos envolvidos ou se eles já haviam deixado o país.
Entre os mencionados estão Lew Konstantinowitsch Andriaschwili e sua esposa Irina Jakowenko, que supostamente atuaram sob identidades falsas.
Adorni informou que os dois estariam ligados a um esquema internacional relacionado ao grupo paramilitar Wagner e à campanha de desinformação conhecida como "Projeto Lakhta", uma iniciativa russa que visa influenciar eventos nos Estados Unidos e na União Europeia.
Reação do governo russo
A reação do governo russo foi imediata e contundente. A embaixada russa em Buenos Aires desmentiu as alegações, afirmando que a retórica sobre espionagem russa tem como objetivo prejudicar as relações bilaterais entre Argentina e Rússia.
Essa declaração faz eco a um caso anterior envolvendo um casal russo que residiu de forma encoberta na capital argentina e que teve descoberto seus documentos falsificados.
Esse casal foi repatriado para a Rússia em 2024 como parte de um grande intercâmbio de prisioneiros com os Estados Unidos, sendo recebido como heróis por Vladimir Putin.
Durante o voo de retorno, os filhos argentinos do casal descobriram pela primeira vez a verdadeira origem russa de seus pais.
Argentina alvo de desinformação russa
De acordo com o especialista americano Thomas Kent, ex-chefe do escritório da Associated Press em Moscou e atual professor na Universidade Columbia, a Argentina se tornou um alvo significativo para campanhas de desinformação russa na América Latina.
Em entrevista ao jornal "La Nación", ele destacou que o país foi transformado em um centro para tais atividades nos últimos vinte anos.
Durante o período em que Néstor Kirchner e Cristina Fernández de Kirchner estiveram no poder, as relações entre Argentina e Rússia floresceram, levando a um aumento da influência da propaganda russa.
O canal estatal Russia Today (RT) foi incluído na plataforma digital TDA, e houve um acordo com a Universidade La Plata para capacitar jornalistas argentinos.
Antony Blinken, secretário de Estado dos EUA na época, já havia alertado que a RT funcionava como uma ferramenta do serviço secreto russo para desestabilizar governos na região.
Wladimir Ruwinski, professor de ciência política, observa que Putin tem trabalhado sistematicamente para diminuir a influência dos EUA na América Latina há 25 anos, utilizando canais de televisão hispanofalantes como Russia Today e Sputnik Mundo para moldar a percepção geopolítica dos intelectuais latino-americanos.
Ceticismo interno
Apesar de todas as evidências, as declarações do governo Milei enfrentam ceticismo interno. Veículos opositores acreditam que o governo pode estar explorando este caso de espionagem para demonstrar a eficácia de sua nova arquitetura de segurança pública.
Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.
Comentários (1)
Marcelo Tolaine Paffetti
2025-06-20 11:49:07Sao os amiguinhos dos bozolulistas. Como um tirano como Putin pode ser adorado por esses caras? É corvo criado.