O papel da Turquia, de Erdogan, em conversas de paz entre Ucrânia e Rússia
Líder turco tem se engajado em intensas conversações com líderes internacionais, incluindo Macron, Putin e o ucraniano Zelensky

A possibilidade de um diálogo direto entre a Ucrânia e a Rússia será testada na próxima quinta-feira, 15 de maio, em Istambul, conforme sugerido por Vladimir Putin, que fez o convite ao presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, afirmando: "Gostaria de pedir ao presidente turco que criasse uma oportunidade para diálogos na Turquia".
Segundo relatos da mídia turca, Erdogan foi pego de surpresa pela proposta de Putin, mas reconheceu a importância do momento e está determinado a aproveitá-lo ao máximo: "Uma nova chance se abriu. Acreditamos que desta vez não será desperdiçada", declarou Erdogan.
Desde então, o líder turco tem se engajado em intensas conversações com líderes internacionais, incluindo o presidente francês Emmanuel Macron, Putin e o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky.
Encontro Rússia-Ucrânia
Ainda não está claro qual formato os encontros diretos entre os representantes da Ucrânia e da Rússia tomarão.
Zelensky já afirmou que estará "na Turquia esperando por Putin pessoalmente". Contudo, ele e outros líderes europeus como os de Alemanha, França, Reino Unido e Polônia condicionaram as discussões a um cessar-fogo de 30 dias a partir da próxima segunda-feira.
A Rússia deixou passar essa janela de oportunidade, levando muitos analistas a acreditar que Putin busca ganhar tempo para consolidar ganhos territoriais antes que qualquer acordo seja alcançado.
Dessa forma, é mais provável que os representantes dos dois países se reúnam apenas em um nível técnico na próxima quinta-feira.
Fontes em capitais europeias sugerem que esses diálogos podem resultar em um cessar-fogo gradual, iniciando pelo mar e pelo ar, antes de alcançar um acordo no solo. Resta saber se a Turquia atuará apenas como anfitriã ou se desempenhará um papel ativo nas mediações.
Independentemente do desfecho, Erdogan pretende capitalizar sobre as negociações como uma vitória política.
Para ele, essa é uma oportunidade de fortalecer sua imagem como mediador internacional, alinhando-se aos seus esforços contínuos para estabelecer a Turquia como uma potência regional indispensável.
Além disso, essa iniciativa pode beneficiar Erdogan internamente, pois ele enfrenta protestos significativos devido à prisão de seu principal rival político. No cenário internacional, ele poderia melhorar os laços com a Rússia sem comprometer suas relações com o Ocidente.
Ambiguidade diplomática
Desde o início do conflito na Ucrânia, Erdogan tem tentado equilibrar sua postura diplomática. Sua abordagem pode ser descrita como favorável à Ucrânia, mas sem adotar uma postura abertamente hostil em relação à Rússia.
Ele mediou um acordo sobre grãos que foi posteriormente suspenso e planejou um hub de gás na Turquia em colaboração com Putin. Enquanto Ankara fornece armamentos a Kiev, evita participar das sanções contra Moscou.
Essa estratégia provocou tensões com aliados da Otan — especialmente quando a Turquia bloqueou por meses a adesão da Suécia e da Finlândia ao bloco militar — mas atualmente parece estar se aproximando do Ocidente novamente.
Os Estados Unidos
O futuro das negociações também pode depender do envolvimento dos Estados Unidos; recentemente houve especulações sobre uma possível visita do ex-presidente Donald Trump a Istambul para participar das conversas.
Na terça-feira passada, Trump anunciou que seu secretário de Estado Marco Rubio estaria presente.
Ainda em fevereiro passado, americanos e russos discutiram segurança na Europa em Riad sem representantes ucranianos ou europeus presentes na mesa.
Após esse encontro, Erdogan se reuniu com Zelensky e divulgou uma foto simbólica onde estava segurando um guarda-chuva sobre a cabeça do líder ucraniano durante uma chuva — uma imagem carregada de significado político.
No entanto, resta saber se sua recém-almejada função de mediador vai além da mera autopromoção.
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