Itamaraty tenta minimizar omissão após resgate de asilados
Apesar da inação do governo brasileiro, os cinco opositores de Maduro deixaram a Venezuela

O Itamaraty se manifestou oficialmente nesta quarta-feira, 7, após a operação dos Estados Unidos que retirou os cinco asilados da embaixada argentina em Caracas.
O prédio era custodiado pelo governo brasileiro.
Em nota, o Ministério das Relações Exteriores afirmou que o Brasil buscou soluções para a concessão dos "salvo-condutos necessários".
Além disso, a pasta garantiu que o governo Lula chegou a oferecer transporte aéreo para os asilados.
"O governo brasileiro tomou conhecimento, na noite de ontem, da saída dos venezuelanos que se encontravam asilados na residência da embaixada da Argentina em Caracas, desde março do ano passado. (...)
Desde abril do ano passado, ainda antes da assunção das responsabilidades de representação dos interesses da Argentina, o Brasil gestionou inúmeras vezes, no mais alto nível, para que fossem concedidos os salvo-condutos necessários e ofereceu transportar os asilados por via aérea, de modo a solucionar diplomaticamente a crise. As reiteradas gestões não foram atendidas, o que prolongou a difícil situação humanitária na residência da embaixada argentina em Caracas, que se encontrava cercada por forças de segurança. O anúncio da saída põe fim a esse episódio e ao drama vivido pelos asilados durante mais de 400 dias.", afirmou.
Carta a Lula
No entanto, os cinco asilados cobravam uma ação efetiva do presidente Lula (PT) para retirá-los do prédio.
Eles escreveram uma carta pública direcionada ao petista.
“Presidente Lula, levamos mais de um ano esperando uma ação concreta que garantisse nossa saída segura, acompanhados pelo seu governo, preservando nosso direito à vida, pela qual tememos diante da ameaça que enfrentamos”, dizia trecho da documento.
Os opositores do ditador Nicolás Maduro permaneceram mais de 400 dias asilados na embaixada.
Um sexto integrante, o ex-ministro dos Transportes e das Comunicações, Fernando Martínez Mottola, morreu em fevereiro, após deixar o edifício.
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Itamaraty
Eis o comunicado oficial do Ministério de Relações Exteriores.
"O governo brasileiro tomou conhecimento, na noite de ontem, da saída dos venezuelanos que se encontravam asilados na residência da embaixada da Argentina em Caracas, desde março do ano passado.
O Brasil vinha respondendo, desde agosto passado, pela representação de interesses da Argentina na Venezuela e pela proteção da integridade física dos asilados. Realizou também gestões cotidianas junto ao governo venezuelano para que as necessidades básicas dos asilados fossem atendidas. Com base em considerações humanitárias, e em acordos internacionais na matéria, como a Convenção sobre Asilo Diplomático de 1954, o Brasil trabalhou pelos canais diplomáticos no sentido de solucionar a situação na residência.
Desde abril do ano passado, ainda antes da assunção das responsabilidades de representação dos interesses da Argentina, o Brasil gestionou inúmeras vezes, no mais alto nível, para que fossem concedidos os salvo-condutos necessários e ofereceu transportar os asilados por via aérea, de modo a solucionar diplomaticamente a crise. As reiteradas gestões não foram atendidas, o que prolongou a difícil situação humanitária na residência da embaixada argentina em Caracas, que se encontrava cercada por forças de segurança. O anúncio da saída põe fim a esse episódio e ao drama vivido pelos asilados durante mais de 400 dias", escreveu.
Salvo-conduto
O governo brasileiro poderia ter negociado um salvo-conduto com Maduro para tirá-los de lá.
Em abril deste ano, o partido Novo cobrou explicações do ministro de Relações Exteriores, Mauro Vieira, sobre a omissão no caso.
“A concessão de asilo à ex-primeira-dama do Peru [Nadine Heredia], baseada em ‘questões humanitárias’, conforme afirmou o Ministro Mauro Vieira, ocorreu de forma célere, mesmo diante de uma condenação judicial por corrupção em seu país”, afirmaram os deputados.
“Enquanto o governo Lula se apressa em proteger condenados por corrupção, como a ex-primeira-dama do Peru, ele também abandona friamente à própria sorte opositores do regime criminoso de Nicolás Maduro. Cinco venezuelanos seguem há mais de um ano encarcerados na embaixada argentina, hoje sob responsabilidade do Brasil, sem acesso a água, sem luz e sem liberdade. Nossa diplomacia cruza os braços, Lula nada faz. Isso não é omissão, é conivência com a tirania. O Itamaraty precisa se explicar", escreveu o deputado Marcel van Hattem.
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